quarta-feira, 20 de junho de 2012

MAIS UMA EXPLICAÇÃO SOBRE OS ODU

         





Odús
Olorun, o Onipotente, Deus no dialeto africano, criou os quatros elementos: a terra, a água, o fogo e o ar. Destes foram gerados os elementais, que geraram todas as coisas vivas sobre o planeta. Foram atribuídos a cada um destes elementos quatro Odus, ou seja, quatro signos interligados dos destinos:

Terra
Odus:
Irosun, Egi Laxeborá, Iká Ori e Obará.
Representam o caminho da tranqüilidade e da riqueza.
Água


Odus:
Egi Okô, Ossá, Egi Ologbon e Oxé.
Representam o caminho da dúvida ao triunfo.
Ar
Odus:
Onilé, Ofun, Obé Ogundá e Aláfia.
Representam o caminho da indecisão até a paz.
Fogo
Odus:
Okaran, Odi, Owanrin e Eta Ogundá.
Representam o caminho da insubordinação até a guerra.
Diz-se que, nos primórdios dos tempos, não existia separação entre o céu e a terra (orum-aiyé) e que havia uma convivência íntima entre os orixás e os seres humanos; todos podiam ir ao órum e voltar quando desejassem. Porém um certo dia, o homem desonrou seu compromisso com ólorum, pecou contra o supremo ao tocar o que não podia ser tocado ou comer o que não podia ser comido. E assim,o mesmo dividiu o céu e a terra. O privilégio da livre comunicação desapareceu em troca das diferentes formas oraculares estabelecidas e legadas por orunmiláOdús (signos de ifã), são presságios, destinos, predestinação. Os odús são inteligências siderais que participaram da criação do universo; cada pessoa traz um odú de origem e cada orixá é governado por um ou mais odús. Cada odú possui um nome e características próprias e dividem-se em “caminhos” denominados “ese” onde está atado a um sem-número de mitos conhecidos como itàn ifá.
Odus são os signos de Ifá, o resultado do jogo. Segundo as lendas do candomblé africano, os Odus representam os destinos criados por Olorum, com todas as características da vida cotidiana e baseados no comportamento e temperamento humano. Então os Odus, seriam os signos do destino que regem cada orixá, que por sua vez, regem cada homem sobre a terra.
Os odús são os principais responsáveis pelos destinos dos homens e do mundo que os cerca.
Os orixás não mudam o destino da vida e sim executam suas funções dentro da natureza liberando energia para que todos possam dela se alimentar.
O odú é o caminho, a existência do destino o qual o orixá e todos os seres estão inserido.
Alguém já escutou a seguinte frase ?
-com o destino não se brinca…
-sua vida esta escrita…
- seu destino já estava escrito…
E muitas outras frases populares que refere-se a odú. Cada pessoa pode ir de encontro ou seguir um caminho alheio ao destino estabelecido, isso nós dizemos que a mesma está com o odú negativo, ou seja: seu destino sua conduta foge as regras siderais, ou seja, seguiu um caminho negativo dentro do estabelecido.
Nós quando nascemos, somos regidos por um odú de ori (cabeça) que representa nosso “eu” assim como odú de destino, espiritualidade…
Os 16 Odus
1. OKANRAN MEJI - a disciplina e teimosiaRegente: Exu
Elemento: Fogo
Pessoas com esse ODU são inteligentes, versáteis e passionais, com enorme potencial para a magia. Seu temperamento explosivo faz com que raras vezes atuem com a razão. Têm sorte nos negócios. No amor, extremamente sedutoras, são muito inconstantes e mentem com facilidade. As mulheres têm como ponto vulnerável o útero.
Era um pobre peregrino que vivia migrando. Permanecia em diversos lugares, mas, depois de fazer as plantações, mandavam embora, ficando os donos das terras com tudo o que ele tinha feito.
Por conselho de alguém, esse homem foi um dia a casa de um oluô, que lhe indicou um ebó (oferenda). tendo tudo preparado, partiu o homem para a grande mata fronteiriça e, lá chegando deu início ao serviço.
Mais tarde, ouvindo um barulho naquele lugar tão impenetrável, assustou-se. Era ogum, o dono dessa mata misteriosa. Chegando perto, ficou ogum espreitando o estranho, até que este, muito amedrontado, implorou misericórdia, perguntando a ogum se queria se servir de alguma coisa servida no ebó. Que falasse sem cerimônia, pois estava tudo a sua disposição.
Ogum aceitou tudo o que havia ali e ficou satisfeito. Perguntou, então, quem era tão perverso a ponto de mandar o peregrino para aquela paisagem impenetrável. O homem contou todos os percalços de sua vida.
Então, ogum, transfigurado, aterrorizante, bradou que ele pegasse o mariô e fosse marcar as casas dos seus amigos, pois ele, ogum, iria aquela cidade à noite destruir tudo o que lá se achasse. Iria arrasar todos os haveres lá existentes, até o solo.
Dito e feito…
Ogum acabou com tudo, exceto as casas e os lugares que tenha sido demarcados pelo homem com a colocação de mariô em cima das portas. Tudo o que havia de riqueza ali ogum deu para ele, tudo mesmo, conforme tinha prometido.
2. EJIOKO MEJI - a incerteza e a indecisãoRegente: Ogum com influências dos Ibejis  de Obtalá,ogum
Elemento: Ar
Pessoas com esse ODU são intuitivas, joviais, sinceras e honestas. Revelam grande combatividade, mas não sabem conviver com derrota. Apesar de volúveis no amor, são muito ciumentas. Devem controlar obstinação e ter cuidado com a vesícula e com o fígado, seus pontos vulneráveis.
Dizem as histórias que havia diversos príncipes que disputavam o poder. Também havia outros fidalgos oriundos de diversas cidades. Entre estes, havia tela-okô, que era desprovido de todos os meios de subsistência.
E lá um dia, enquanto roçava, bem no lugar onde havia colocado o ebó que ele tinha feito conforme a maneira decretada, tela-okô bateu com a enxada num forno enorme, que se abriu, causando-lhe grande espanto. Chamou os companheiros que estavam mais afastados, dizendo que tinha afundado no buraco da riqueza.
Mas, em seguida, tendo ele reconhecido ser deveras um verdadeiro tesouro da fortuna o que encontrara, mudou repentinamente, dizendo que o que tinha encontrado era apenas um buraco cheio de orobôs, e que estes eram tão alvos que pareciam tratar-se de moedas.
Claro que através deste caminho de odú, entende-se que jamais devemos revelar de onde provem nossas riquezas e não o tanto o que temos, afim de evitar invejosos, perseguidores e ladrões.
3. ETAOGUNDÁ MEJI - a perseverança e a obstinaçãoRegente: Obaluaê com influência de Ogum
Elemento: Terra
Pessoas com esse ODU em geral vêem seus esforços recompensados. Costumam vencer na política e conseguem obter grandes lucros nos negócios, particularmente nas atividades agrícolas, mas podem sofrer desilusões no amor e traições dos amigos. Emocionalmente inconstantes, estão propensas a ter problemas espirituais e físicos, embora na maioria dos casos consigam se recuperar com facilidade de qualquer doença. Seus pontos vulneráveis são os rins, as pernas e os braços.
Dizem ter existido um senhor que, depois de ter estado muito bem, ficara num estado tão precário que, devido à extrema miséria em que se achava, viu-se forçado a procurar todos os meios para não pôs termo à própria existência.
Mas, tendo feito o que lhe determinaram fazer e tendo esperado a melhoria das suas coisas da vida sem ter algum resultado benéfico, foi-se para o mato com uma corda, afim de se enforcar.
Foi quando, de súbito, viu um pobre leproso que estava pelejando para botar a água de um igbin (caramujo) na cabeça. O homem que estava prestes a cometer a ação de suicidar-se, com grande admiração e louvor, levantou as mãos para o céu, agradecendo a olorum (deus). Ele, que se julgava muito melhor do que aquele indigente leproso em semelhante estado de saúde, voltou para casa bastante satisfeito e confortado com o que vira.
Em pouco tempo, foi chamado para ocupar o trono de seu pai, que falecera. Nessa ocasião, não se esqueceu daquele leproso que estava ali abandonado. Assim que foi levado ao trono, mandou buscar o seu companheiro de infortúnio naquele mau dia. Assim, ficaram ambos bem…
4. IROSSUN MEJI - a tranqüilidadeRegente: Oxossi com influência de Xangô, Iemanjá, Iansã e Egum
Elemento: Terra
Pessoas com esse ODU são generosas, sinceras, sensíveis, intuitivas e místicas. Têm grande habilidade manual e podem alcançar sucesso na área de vendas. Entre os aspectos negativos estão a tendência a sofrer traições amorosas e a propensão a acidentes. Muitas vezes são vítimas de calúnias e da perseguição dos seus inimigos. Também precisam cuidar da alimentação, pois seu ponto vulnerável é o estomago.
Em um certo tempo um homem que se achava em situação tão precária e em tal aperto, que não via de lado algum qualquer milagre que pudesse salvá-lo.
Ele resolveu ir até a casa de um oluô fazer o ebó (oferenda) indicado.
Feito tudo…lá se foi ele para um lugar reservado, acendeu o fogo, em seguida colocou as pimentas maduras no lume e pôs-se a receber fumaça nos olhos.
Em um dado momento, ia passando um príncipe reinante e herdeiro do trono. Observando aquela cena de sofrimento espontâneo, admirou-se do tal sujeito,que, no dizer dele, estava procurando o meio mais curto possível para pôr termo à existência. O príncipe, condoído com aquilo, o fez chegar aos seus pés e indagou dele o que havia ou o que queria dizer aquilo. Sem demora, o homem historiou a razão daquele ato de castigar a si próprio. Tratava-se de compromissos inadiáveis, que ele não podia cumprir. Disse o príncipe que, tendo pena dele, não consentiria tal cena. Também sem hesitação, o príncipe mandou-lhe uma verdadeira fortuna, com o qual o homem poderia viver toda a sua vida, sem o menor vexame.
5. OXÊ MEJI - a famaRegente: Oxum com influências de Iemanjá e Omulu
Elemento: Água
Pessoas com esse ODU têm mão de magia, força e proteção espirituais, religiosidade e uma inclinação especial para o misticismo e as ciências ocultas. São ótimos professores e se destacam em qualquer atividade que exija liderança, mas precisam aprender a controlar sua vaidade e seu egocentrismo. Outro aspecto negativo é a tendência a se vingar quando estão com raiva. Seus pontos vulneráveis são o aparelho digestivo e o sistema hormonal.
Conta-se que um filho de orixalá que se chamava dinheiro, que se dizia ser tão poderoso que poderia dominar até mesmo a morte.
Este, fez uma oferenda indicada pelo babalaô e saiu maquinando como poderia trazer preza a morte, conforme prometera diante de todos. Deitou-se na encruzilhada e as pessoas que passavam na estrada deparavam com um homem espichado no meio do caminho. Diziam uns:
-xi ! Está este homem esticado com a cabeça para a casa da morte, e os pés para a banda da moléstia e os lados do corpo para o lugar da desavença.
Ouvindo tais palavras dos transeuntes, levantou-se o homem e disse, então, com ironia:
-já sei tudo o que era preciso conhecer. Estou com os meus planos já feitos.
E lá de foi ele direto para a fazenda da morte. Chegando no local, começou a bater os tambores fúnebres de que a dona da casa(sra. Morte) fazia uso quando queria matar as pessoas indicadas para morrer. Ela tinha uma rede preparada e, quando a morte aproximou-se, apressada , afim de saber quem estava tocando os seus tambores, o homem envolveu-se na rede e levou logo ao maioral orixalá. Dizendo-lhe estas palavras:
Aqui está a morte que eu lhe prometi trazer em pessoa à vossa presença.
Orixalá, então lhe disse essas palavras:
-vai-te embora com a morte e tudo de melhor e de pior que possa haver no mundo, pois tu és o causador de tudo o que há de bem e de mal. Some-te daqui e a leva embora e, então, poderás possuir tudo e conquistar o universo inteiro.
 6. OBARÁ MEJI - a riqueza e o brilhoRegente: Xangô com influências de Exu, Iansã, Oxossi. Oçanhe e Logunedê
Elemento: Fogo
Pessoas com esse ODU têm grande proteção espiritual e costumam vencer pela força de vontade, especialmente em profissões relacionadas à Justiça. Mas são com freqüência vítimas de calúnias e não têm sorte no amor. Devem aprender a silenciar sobre seus projetos e a determinar por onde começá-los. Seu ponto vulnerável é o sistema linfático. 
Dizem que no principio do mundo, 15 dos 16 odus seguiram todos à casa do oluô, afim de procurar os meios que os fizessem mudar de sorte, mas nenhum deles fez o que foi determinado pelo oluô. Obará um dos dezesseis odus existentes,não se encontrava no grupo na ocasião em que os demais foram consultar o oluô. Sendo ele, porém, sabedor do ocorrido, apressou-se em fazer o que o oluô determinara. E que os demais odús não fizeram por simples capricho da sorte. Obará com afinco fez o máximo que pode para conseguir seu desejo, dada a sua condição precária (de pobreza). Como era de costume, os 15 odús de cinco em cinco dias iam à casa de olofim, e nunca convidavam obará , por ser ele muito pobre, tanto que olhavam para ele sempre com menosprezo. Pois, então, foram a casa de olofim, jogaram e até altas horas do dia não acertaram o que queriam que olofim adivinhasse e, com isso, acabou que todos eles se retiraram sem ter sido satisfeita sua curiosidade. Olofim, com desprezo, ofereceu uma abóbora a cada um deles, e eles, para não serem indelicados levaram consigo as abóboras ofertadas.
No caminho, porém, alguém se lembrou apontando para a casa de obará, de fazer ali uma parada, embora alguns fossem contra, dizendo que não adiantaria dar semelhante honra a obará, pois ele era um homem simples que nunca influía em nada.
Mas um deles, mais liberal, atreveu-se a cumprimentar obara-meji com estas palavras:
– obará, bom dia ! Como vais de saúde? Será que hás de comer com estes companheiros de viajem?
Imediatamente respondeu ele que entrassem e se servissem da comida que quisessem. Dito isso, foram entrando todos, eles que já vinham com muita fome, pois estavam desde a manhã sem comer nada na casa de olofim.
A dona da casa foi ao mercado comprar carne para reforçar a comida que tinha em casa e, em poucas horas, todos almoçaram à vontade. Depois, obará convidou todos para que se deitassem para uma madorna, pois estavam todos cansados e o sol estava ardente. Mais tarde, eles se despediram do colega e lhe disseram:
-fica com estas abóboras para ti —e lá se foram satisfeitos com a gentileza e a delicadeza do colega pobre e, até então, sem valia.
Mais tarde, quando obará procurou por comida, sua mulher o censurou por sua fraqueza e liberalidade, dizendo que ele tinha querido mostrar ter o que não tinha, agradando a eles que nunca olharam para ele, e nunca ligaram nem deram importância ao colega.
Porém as palavras de obará eram simples e decisivas.
-eu não faço mais do que ser delicado aos meus pares, estou cumprindo ordens e sei que fazendo estes obséquios, virá à nossa casa prosperidade instantânea.
Finda explicação, obará pegou uma faca e cortou uma abóbora, surpreendendo-se com a quantidade de ouro e pedras preciosas que haviam dentro dela. Surpreso, e com muita felicidade, viu que em uma abóbora havia lhe dado o título de odú mais rico, porém logo percebeu que haviam mais outras 14 abóboras a serem abertas e em cada uma delas haviam outras riquezas em igual quantidade.
Obará comprou tudo que precisava, palácio e até cavalos de várias cores.
Daí que estava marcado o dia para todos os odús irem novamente à conferencia no palácio de olófim, como era de costume, já muito cedo, achavam-se todos no palácio, cada um no seu posto junto a olofim.
Quando obará veio vindo de sua casa com uma multidão que o acompanhava, até mesmo os músicos de uma enorme charanga. Enfim, todos numa alegria sem par. De vez em quando, obará mudava de um cavalo para outro em sinal à nobreza.
Os invejosos começaram a tremer e esbravejar, chamando a atenção de olofim que indagou o que era aquilo. Foi então que lhe informaram que era obará. Então perguntou olofim aos demais odús o que tinham feito com as abóboras que presenteara a eles. Responderam todos que haviam jogado no quintal de obará. Disse então olofim que a sorte estava destinada a ser do rico e próspero obará. O mais rico de todos os odús.
7. ODI MEJI - o rancor e a violênciaRegente: Obaluaê com influências de Exu, Oxalufam e Oxumarê
Elemento: Terra
Pessoas com esse ODU são ambiciosas e costumam ser bem sucedidas na sua profissão, mas a indecisão as leva a não concluir muitos dos seus projetos. Quando a fé as impulsiona, porém, ultrapassam todas as barreiras. Sonham com o poder e adoram se divertir, às vezes, provocam enormes confusões. Não têm sorte no amor. Seus pontos vulneráveis são os rins, a coluna e as pernas.
Conta-se a história de um homem que era escravo e um dia se viu abraçado em um eminente perigo. Este homem foi amarrado por dele terem dito que cometera um crime. Segundo as leis daquela terra, botaram o homem num caixão grande todo pregado e deitaram a caixa rio abaixo. Por uma dessas coincidências que sempre acontecem no destino* das criaturas, a correnteza lançou o caixão na praia duma cidade cujo o rei estava morto e enterrado, e onde os súditos ainda estavam guardando luto.
Acontece que ali haviam muitos príncipes com direito a sucessão imediata, mas sobre todos pesava alguma grave acusação, de forma que não se sabia como haviam de decidir o complicadíssimo problema da sucessão do rei morto, como nunca jamais acontecera na história do dito povo. Depois de muito cogitar do assunto, foi decidido que marcassem um prazo para surgisse uma pessoa estranha àquela nação que assumiria o governo e seria o rei daquela terra daí em diante.
Dito e feito, esse homem, que tinha antes do cativeiro feito uma oferenda que o babalaô determinara, veio ele se esbarrar, dentro do caixão, na praia de ibim, onde o acolheram e imediatamente o elegeram rei daquele povo. Assim ficou ele sendo o venturoso rei de uma nação . Onde só o destino (odú) poderia dar tamanha sorte.
 8. EJONILÊ MEJI - a impaciência e a agitaçãoRegente: Oxaguiã com influências de Xangô, Oxum e Oxossi
Elemento: Ar
Pessoas com esse ODU são dedicadas e honestas e levam uma vida quase sem sofrimentos. Mas estão sujeitas a acidentes graves. Amam com intensidade e têm amizades sinceras. Quando são repudiadas ou sofrem uma traição, podem se tornar vingativas. Devem evitar o consumo de álcool e de carne vermelha e se vestir de branco nas sextas-feiras. Seu ponto vulnerável é o sistema nervoso central. 
Naquele tempo, mandaram todas as árvores fazerem oferendas a olorum (deus) mas nenhuma deu importância ao conselho. Somente a cajazeira fez a oferenda. Daí por diante, todas as árvores morreram sem delongas quando estavam deitadas, exceto a cajazeira, que mesmo deitada, caída ao chão, sempre grela e renasce.
9. OSSÁ MEJI - a desconcentraçãoRegente: Iemanjá com influências de Xangô, Oçanhe, Oxossi e Iansã
Elemento: Água
Pessoas com esse ODU são líderes natas, mas seu autoritarismo lhes cria sérios problemas, inclusive conjugais. O instinto protetor e a religiosidade também as caracterizam. Seus pontos vulneráveis são os conflitos psicológicos e, no caso das mulheres, os problemas ginecológicos.
Conta-se que no princípio mandaram orumilá fazer uma oferenda citada, porém, ele não o fez. Orixalá, sim, fez tudo conforme havia sido determinado. Num certo dia, veio muita gente que fugia apavorada, mas o chefe e maioral do lugar, como deveria ser, recebeu todos e os salvou das perseguições e eles, em gratidão, entregaram-lhe tudo de valor que cada um trazia consigo, assim orixalá ficou muito próspero no devido tempo. Ou quando chegara sua vez de ter tal fortuna.
10. OFUN MEJI - os problemas de saúdeRegente: Oxalufam com influências de Xangô e Oxum
Elemento: Ar
Pessoas com esse ODU são inteligentes, fiéis e honestas, capazes de dedicar atenção total ao seu amor. Têm amigos sinceros e elevada espiritualidade. Em contrapartida, mostram-se muito teimosas e tendem a sofrer perseguições e desilusões amorosas. Seus pontos vulneráveis são o estomago e a pressão arterial. 
Um dia foi marcado uma reunião entre todos os orixás, cada um tratou de realizar as oferendas especificas afim que tudo transcorresse muito bem, orixalá tratou logo de preparar a sua. Findando a feitura da oferenda, entregaram a orixalá panos brancos para ele fazer um vestuário e penas de papagaio da costa para ele colocar em sua cabeça. Assim feito tudo, chegou o dia da grande reunião em que todos os orixás se apresentaram.
Orixalá apareceu de uma forma tão maravilhosa em suas vestes novas, como se fosse iluminado pelos raios do sol. Assim, todos foram se curvando diante de tamanho brilho da aurora nascente, juraram fidelidade e lhe deram tudo o que possuíam, com a palavra de o adorarem para sempre…
11. OWRYN MEJI - a ansiedadeRegente: Iansã com influências de Exu, Oçanhe e Egum
Elemento: Fogo
Pessoas com esse ODU têm imaginação fértil, boa saúde e vida longa, mas as más influências e a falta de fé as levam a enfrentar dificuldades materiais e a só alcançar o sucesso depois de grandes sacrifícios. São muito volúveis no amor. As mulheres geralmente fracassam no primeiro casamento, mas acabam encontrando a felicidade. Devem evitar a bebida e outros vícios. Seus pontos vulneráveis são a garganta, o sistema reprodutor e o aparelho digestivo.
Em certo dia, uma mulher muito fiel aos orixás fora numa fonte lavar roupa levando consigo sua criancinha. Lá havia outra mulher invejosa que, vendo que ela estava distraída com a sua ocupação, tentou lançar a criancinha da outra numa bacia d’água. Mas outra mulher ainda, ouvindo o chorinho da criança, correu para ali e a tirou de dentro d”água, salvando-a do perigo, antes mesmo de sua mãe se der conta. Do horror que acontecia.
Assim se vê o ponto onde uma pessoa má pode chegar… E também o quanto podemos contar com a ajuda e proteção através de oferendas específicas.
12. EJI-LAXEBARÁ - a justiça e o discernimentoRegente: Xangô com influências de Logunedê e Iemanjá
Elemento: Fogo
Pessoas com esse ODU têm o dom de convencer os outros. Dotadas de grandes qualidades espirituais, são bondosas, justas e prestativas, embora às vezes se mostrem arrogantes. Apaixonam-se com facilidade e são muito ciumentas. Devem evitar bebida e podem ter problemas judiciais ou relacionados à perda de bens. Seu ponto vulnerável é a circulação sanguínea.
13. EJIOLIGIBAN MEJI - a tranqüilidade e a concentraçãoRegente: Nanã com influência de Obaluaê
Elemento: Terra
Pessoas com esse ODU aceitam com resignação os sofrimentos físicos, emocionais e espirituais, conscientes de que todas as situações da vida são transitórias. Além disso, sua profunda fé termina por lhes assegurar vitória. Não têm muita sorte no amor. Dotadas de mão de cura, se destacam nos serviços médicos e de assistência psicológica e nas terapias alternativas. Seus pontos vulneráveis são o baço e o pâncreas.
14. IKÁ MEJI - o conhecimento e a sabedoriaRegente: Oxumarê com influências de Oçanhe e Nanã
Elemento: Água
Belas e sensuais, as pessoas com esse ODU têm aparência juvenil e forte poder de sedução. Vivem paixões arrebatadoras mas passageiras e estão sempre em busca de novos amores. Possuem talento para a magia e enorme força espiritual, que se manifesta através do olhar. Enriquecem com facilidade e se destacam na vida profissional e social, mas são desconfiadas e propensas a ter conflitos psíquicos. Seu ponto vulnerável são as articulações que podem lhes causar problemas de locomoção.
15. OGBEOGUNDÁ MEJI - o discerminio totalRegente: Oba com influências de Eua
Elemento: Água
Pessoas com esse ODU são valorosas, combativas e imparciais, mas costumam sofrer desilusões amorosas, o que acentua sua agressividade e seu sentimento de rejeição. Têm saúde frágil: estão sujeitas a problemas nos olhos, ouvidos e pernas e a distúrbios do sistema neurovegetativo.
16. ALÁFIA ONAN – a paz Regente: Ifá
Elemento: Ar
Calmas, racionais e espiritualizadas, as pessoas com esse ODU têm domínio sobre suas paixões. São excelentes nas áreas de vendas e de artesanato, mas desistem facilmente dos seus projetos e perdem o interesse por aquilo que já conquistaram. Estão sujeitas a problemas cardiovasculares, psíquicos e de visão.






FALANDO NOVAMENTE SOBRE COMIDAS DE RITUAIS...




Comida ritual, nas religiões consideradas afro brasileiras, são as comidas específicas de cada Orixá, cujo preparo requer um verdadeiro ritual. Esses alimentos depois de prontos são oferecidos aos Orixás acompanhados de rezas e cantigas. Durante a festa ou no final, em grande parte são distribuídas para todos os presentes. São chamadas comida de axé, pois acredita-se que o Orixá aceitou a oferenda e impregnou de axé as mesmas. A Iyabassê é a pessoa responsável por cumprir esse ritual. Existem Orixás que não aceitam comidas com azeite de dendê, outros não aceitam mel, outros não aceitam sal, outros não aceitam camarão, etc... A Iyabassê precisa saber exatamente como se prepara cada uma dessas comidas, para que elas sejam aceitas pelos Orixás respectivos.
Amalá ou Caruru é comida ritual votiva do Orixá Xangô, Iansã, Obá e Ibêji É feito com quiabo cortado, cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê ou azeite doce, pode ser feito de várias maneiras. É oferecido em uma gamela forrada com massa de acaçá. Também chamado pelo povo de santo nos candomblés jeje-nagôs de caruru. 
OMOLOKUN
comida ritual da Orixá Oxum, é feito com feijão fradinho cozido, refogado com cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê ou azeite doce. Enfeitado com camarões inteiros e ovos cozidos inteiros sem casca, normalmente são colocados 5 ovos ou 8 ovos, mas essa quantidade pode mudar de acordo com a obrigação do candomblé. 
AKARAJÉ 
Comida ritual da orixá Iansã. Na África, é chamado de àkàrà que significa bola de fogo, enquanto je possui o significado de comer. No Brasil foram reunidas as duas palavras numa só, acara-je, ou seja, “comer bola de fogo”. O acarajé, o principal atrativo no tabuleiro, é um bolinho característico do candomblé. Sua origem é explicada por um mito sobre a relação de Xangô com suas esposas, Oxum e Iansã. O bolinho se tornou, assim, uma oferenda a esses orixás. Mesmo ao ser vendido num contexto profano, o acarajé ainda é considerado, pelas baianas, como uma comida sagrada. Por isso, a sua receita, embora não seja secreta, não pode ser modificada e deve ser preparada apenas pelos filhos-de-santo. O acarajé é feito com feijão-fradinho, que deve ser quebrado em um moinho em pedaços grandes e colocado de molho na água para soltar a casca. Após retirar toda a casca, passar novamente no moinho, desta vez deverá ficar uma massa bem fina. A essa massa acrescenta-se cebola ralada e um pouco de sal. O segredo para o acarajé ficar macio é o tempo que se bate a massa. Quando a massa está no ponto, fica com a aparência de espuma. Para fritar, use uma panela funda com bastante azeite-de-dendê ou azeite doce. Normalmente usam-se duas colheres para fritar, uma colher para pegar a massa e uma colher de pau para moldar os bolinhos. O azeite deve estar bem quente antes de colocar o primeiro acarajé para fritar. Esse primeiro acarajé sempre é oferecido a Exu pela primazia que tem no candomblé. Os seguintes são fritos normalmente e ofertados aos orixás para os quais estão sendo feitos.
Lelê
iguaria africana, doce feito com quirela de milho vermelho, coco ralado, açúcar e leite de coco. Oferecido aos Orixás Oba e Ewa. 


Deburu - é a comida ritual dos Orixás Obaluaiyê e Omolu, é o milho de pipoca estourado em uma panela, em alguns lugares com óleo, em outros com areia. Nesse último caso, é preciso peneirar a areia dessa pipoca depois de pronta. Ao final, a pipoca colocada em um alguidar (vasilha de barro) e enfeitado com pedacinhos de coco. 
Caruru 
É uma comida ritual do candomblé e da culinária baiana. É preparado com quiabo cortado em quatro de comprido e depois em rodelas, cebola ralada ou batida no processador, pó de camarão, sal, azeite de dendê, castanha-de-caju torrada e moída, amendoim torrado sem casca e moído. Preparação: Numa panela coloque azeite de dendê, a cebola e o sal, refogue um pouco, em seguida coloque o quiabo cortado, colocar um pouco de água e deixar cozinhar, quando estiver cozido colocar aos poucos a castanha e o amendoim acrescentando um pouco mais de dendê, depois de pronto é colocado numa gamela.
Efó 
é uma comida ritual e da culinária baiana , pode ser feita com a folha chamada língua de vaca ou com folha de mostarda. Preparação: Meio quilo de camarão seco, descascado. Pimenta-malagueta em pó. Meio dente de alho. Uma cebola. Uma pitada de coentro. Um maço de língua-de-vaca (ou taioba, ou bertalha, ou espinafre, ou mostarda). Primeiro, ferve-se a língua-de-vaca, escorre-se numa peneira, estende-se na tábua e bate-se bem com a faca, até ficar uniforme. Enxuga-se e estende-se na peneira para secar toda a água. Cozinha-se no azeite-de-dendê puro, temperado com tudo o resto. A panela fica tapada, para suar. Come-se com arroz. Nanã, rainha das águas doces, quando escolhe, pede um bom efó de língua-de-vaca. Tendo como contexto principal a terra e os seus frutos, os Iorubás basicamente subsistiam pela colheita do inhame (isu), milho (àgbado), feijão (ewa), quiabo (ilá) e mandioca (paki). São estes os elementos principais que encontramos até hoje nas comidas que são confeccionadas para os Orixás no Candomblé.
ADÓ
Ado - é uma Comida ritual feita de milho vermelho torrado e moído em moinho e temperado com azeite de dendê e mel, é oferecido principalmente ao Orixá Oxum. 


Axoxô – é comida ritual do Orixá Oxóssi, milho vermelho cozido refogado com cebola ralada, pó de camarão, sal, azeite de dendê, enfeitado com fatias de coco sem casca. 
ÁBARÁ 
Abará - é um dos pratos da culinária baiana e como o acarajé também faz parte da comida ritual do candomblé . A preparação da massa é idêntica à do acarajé. Quando comida ritual, coloca-se um pouco de pó de camarão e quando da culinária baiana coloca-se camarões secos previamente escaldados para tirar o sal, que pode ser moído junto com o feijão e depois colocar alguns inteiros. Essa massa deve ser envolvida em pequenos pedaços de folha de bananeira semelhante ao processo usado para fazer o acaçá e deve ser cozido no vapor em banho-maria; é servido na própria folha.


Ekuru - é uma comida ritual de diversos Orixás, a massa é preparada da mesma forma que a massa do acarajé , feijão-fradinho sem casca triturado, envolta em folhas de bananeira como o acaçá e cozido no vapor. 
ÁCAÇA 
Acaçá - é uma comida ritual do candomblé e da culinária baiana . Feito com milho branco ou milho vermelho, que após ficar de molho em água de um dia para o outro, deve ser moído num moinho formando uma massa que deverá ser cozida numa panela com água, sem parar de mexer, até ficar no ponto. O ponto de cozedura pode ser visto quando a massa não dissolve se pingada num copo com água. Ainda quente essa massa deve ser embrulhada em pequenas porções, em folha de bananeira previamente limpa, passada no fogo e cortada em tamanho igual para que todos fiquem do mesmo tamanho. Coloca-se a folha na palma da mão esquerda e coloca-se a massa, com o dedo polegar dobra-se a primeira ponta da folha sobre a massa, dobra-se a outra ponta cruzando por cima e virando para baixo, faz o mesmo do outro lado. O formato que vai ficar é de uma pirâmide rectangular.
A comida africana reflete as tradições nativas da África, assim como influências árabes, européias e asiáticas. O continente africano é a segunda maior massa de terra do planeta e berço de milhares de tribos, etnias e grupos sociais. Essa diversidade reflete-se na cozinha africana, no uso de ingredientes básicos assim como na preparação e técnicas culinárias. 
Certo que os Orixás Comem 
” Certo que os Orixás Comem o que os homens comem, porém, recebem a seus pés, nos terreiros onde os modos de preparar, ao lado dos saberes: Palavras de encantamento (fó), rezas (ádùrà), evocações (oriki) e cantigas (orin); ligadas a estórias sagradas (itans), são elementos essenciais e vitais para a transmissão do axé.” 1 São alimentos votivos preparados ritualmente e oferecidos aos orixás, aos quais necessitam de suas vibrações para a manutenção da própria força dinâmica. Algumas comidas são preparadas com a carne dos animais sacrificados ritualmente, outras como o peixe, camarão, verduras, legumes, farinhas, etc., muitas são bem temperadas, levando sal (menos de Oxalá), louro e etc., e algumas ainda levam mel. A grande maioria das comidas salgadas é feita no azeite de dendê, ou frita nele. As comidas votivas provém na maioria, da culinária africana, algumas conservando-se exatamente iguais, outras sofrendo algumas modificações. Na umbanda, e mesmo em alguns cultos tradicionais os orixás comem frutas, as comidas variam muito de culto para culto. De modo geral porém, as principais, nos candomblés (algumas adotadas pela umbanda).
As comidas 
As comidas não são oferecidas todas de uma vez, sendo feitas algumas em certas festas, outras depois. Todas as semanas as comidas, bebidas, etc., são renovadas em dias certos, cada orixá te o seu , no candomblé após o término de xiré são distribuídas aos assistentes. Nos templos de umbanda diferentemente do candomblé, as comidas são dadas aos guias incorporados, e eles mesmos consomem. Portanto são comidas feitas com condimentos que os médiuns estão acostumados a comer. Geralmente é dada em dias de festas ou acontecimento especial de cada templo. - OBS.: “As comidas votivas não contém pimenta.” Dividir o alimento com os deuses é ter a insigne hora de comer com eles, garantindo, dessa forma, a presença dos Orixás em nossas vidas e da refeição em nossa mesa. Ao preparar as comidas de santo, deve-se observar os tabus de cada um deles. Por exemplo, o azeite de dendê nunca deve ser oferecido a Oxalá, o mel é proibido a Oxossi, o carneiro não pode sequer entrar em uma casa consagrada a Iansã etc. Os filhos de santo devem observar todas as quizilas dos seus Orixás e, sendo parte do Orixá, também não podem consumi-las. A ijoyé encarregada de preparar as comidas dos Orixás é a Ìyá Basé, um cargo outorgado apenas a mulheres de grande sabedoria e respeito junto à comunidade. Ela é a mãe que conhece todos os segredos da cozinha e que sabe que o principal ingrediente para uma boa comida de santo, capaz de alcançar as mais altas dádivas, é o amor.

UMA HOMENAGEM






In Memoriam: IYÁ DAVINA

A Sociedade Civil e Religiosa do Ilê Omolu Oxum, tem como dirigente Maria do Nascimento, Mãe Meninazinha d' Oxum, herdeira espiritual e neta biológica de Iyá Davina.

Davina Maria Pereira , Iyá Davina, nasceu no ano de 1880, na cidade de Salvador, Bahia. No dia 24 de julho de 1910, foi iniciada por Procópio Xavier de Souza, mais conhecido como Procópio d'Ogun , no Ilê Ogunjá, situado no Baixão, antigo Matatu Grande, em Salvador.Filha de Omolu e Oxalá, muda-se, ainda na década de 1920, para a cidade do Rio de Janeiro, juntamente com seu marido, Theóphilo Marcelino Pereira, ogan do Ilê Ogunjá.

Possuirá, no bairro da Saúde, sua primeira residência no Rio de Janeiro. Lá, abrigará inúmeros conterrâneos de mudanca para o Rio, ficando, tal casa, popularmente conhecida como "Consulado Baiano". Já nesssa época, existia no Rio de Janeiro um famoso terreiro de candomblé, situado na Rua Barão de São Félix, número 174, dirigido pelo renomado pai-de-santo João Alabá. A este, Iyá Davina irá se juntar. Alguns historiadores confirmam que tal terreiro havia sido fundado por Bamboxê Obiticô. João Alabá fora iniciado na Bahia (desconhece-se em qual terreiro). Cultuava grande amizade com sacerdotes baianos, entre estes: Joaquim Vieira da Silva, Tio Joaquim. Por ele, foram iniciadas Carmen do Xibuca e quase todos os membros da familia de Tia Ciata (de sobrenome Jumbeba).

Do mesmo terreiro baiano onde fora iniciado, vieram Vicente Bankolê e sua esposa Tia Pequena, que, após o falecimento de Alabá, herdariam os assentamentos de seu orixá - Omolu - e deslocariam o terreiro da Gamboa para Bento Ribeiro, e, logo depois, para a Baixada Fluminense - criando, assim, a Sociedade Beneficente da Santa Cruz de Nosso Senhor do Bonfim, mais conhecida como Casa-Grande de Mesquita, e que seria a primeira comunidade-terreiro de candomblé a estabelecer-se na Baixada Fluminense.

Iya Davina participará da fundação de inúmeros terreiros no Rio de Janeiro. Entre estes: o Bate-Folha de João Lessengue; o Axé Opô Afonjá de Mãe Agripina, o Terreiro de São Gerônimo e Santa Bárbara, de Mãe Senhorazinha; o Ilê Nidê, de Seu Ninô d'Ogun. Fato que tão bem ilustra os vinculos criados entre migrantes baianos e cidadãos cariocas, determinantes para a preservação, manutenção e criação de novas e velhas tradições culturais.

Sua neta, Mae Meninazinha d' Oxum , matém esses vínculos através das muitas ações que realiza no Ilê Omolu Oxum.

Do site Mulheres de Axé.

HERANÇA AFRICANA






HERANÇA AFRICANA


"Um Filá de Liberdade"


 O local onde está a exposição é uma casa em estilo Colonial Americano situado em um espaço elitista o Museu Carlos Costa Pinto onde em nada lembra a "Herança Africana" e sim um símbolo da classe dominante. De acordo com Solange Godoy1,curadora da mostra, apesar do aspecto suntuoso e sem vínculo com o movimento negro,o local foi o escolhido por ter o maior acervo de jóias crioulas do Brasil. Outro aspecto importante é que esta é a primeira vez que o museu recebe o acervo de casas de candomblé numa mostra especificamente ligada à herança africana, o que nos leva a entender que as fronteiras estão sendo ultrapassadas, e que o candomblé deixa de ser visto como uma religião só de negros, mais uma vez se alto afirma como uma religião de resistência. Entendo que através da exposição os organizadores querem mostrar que o terreiro não é um local só de culto religioso é também de cultura, e que essa cultura tem que ser vista e debatida na sociedade. Também o fato de não aparecer nenhum babalorixá na exposição, deixa uma interrogação, visto a importância deles dentro da religião,porém a resposta vem logo a coleção de jóias do Museu é simplesmente um patrimônio ligado ao universo feminino do século XIX e XX".Nesse sentido entendemos o porquê do não aparecimento do sexo masculino na amostra. O Acervo esta dividido em três espaços: Soberania e Encanto" reúnem tudo que era usado por essas mulheres que representavam o candomblé na Bahia, mulheres grandiosas que resistiram a todos as dificuldades e se tornaram verdadeiras rainhas. Legado e Estilo" estão expostos os trabalhos de designers de jóias e estilistas conhecidos, cujas coleções são voltadas para a cultura afro. Patrimônio e Memória" expõem parte das jóias crioulas pertencentes ao acervo do Museu Carlos Costa Pinto, Essas jóias são referência como elementos de afirmação e resistência. 1 Museóloga formada pelo curso de Museus do Museu Histórico Nacional. Rio 1961. Graduou-se em História na PUC-Rio em 1974. Atuou na área de museus, como professora no curso de formação, tendo trabalhado por mais de trinta anos dirigindo museus de pequeno e grande porte como o Museu Histórico Nacional (1984- 1989) consultora da área de Museus da VITAE; No mesmo espaço estão sendo exibido um vídeo sobre a utilização dos balangandãs nos séculos XVIII e XIX. Podemos perceber as três nações que estão fazendo parte da exposição na qual falaremos a seguir; Os rituais de candomblé no Bahia são manifestações em suas formas mais variadas e em complexidade diversas, sua organização a partir de noções confere certas particularidades concretizadas desde o surgimento das culturas africanas de povos diversos por meio do tráfico negreiro em nosso país. Poderíamos nos perguntar o que caracteriza um ritual do candomblé? Mas talvez como resposta viesse outra questão: qual o ritual do candomblé? Angola?Keto?Jeje? Para se ter uma idéia, algumas das nações como Keto, Angola,Jeje, apresentam diferenças entre si, sentidas principalmente quanto a língua dos cânticos, a batida dos atabaques ,a dança à nomenclatura utilizada para denominar cada objeto, função, orixás, sacerdotes,não são excludentes porém a essência é a mesma. Segundo Silva2o candomblé é compreendido como uma religião iniciática e de possessão, onde os ritos apresentam um acesso privilegiado a dimensão que o estruturam, como tempo o espaço a corporalidade,a conduta ,os cargos e outros. Poderíamos visualizá-lo ainda como uma forma pelo quais as pessoas revivem a antiga organização familiar africana e religiosa a partir de um novo contexto. Na exposição estão expostas três Nações: Ketu, Jeje e Angola. Denomina "Nação Ketu",o candomblé descendente dos cultos religiosos da região Sudanesas, de cultura yorubana. Neste culto, os deuses são chamados de orixás e representam forças da natureza como o ar, o vento, o fogo e outros. A língua ritual destes cultos é composta de fragmentos de iorubá arcaico e de alguns termos de outras línguas com as quais foi se mesclando no decorrer do tempo. Toda a simbologia do candomblé Ketu como ritmo, cores, cantigas (rezas) músicas, comidas rituais e, fundamentalmente, o rito de iniciação, são marcados fortemente pelos valores culturais dos negros yorubanos.Aqui pertencem a esta nação: Ilê Axé Iyá Nassô Oka",(Terreiro da casa Branca) é considerado a primeira casa de candomblé aberta em Salvador. Considerado Patrimônio Histórico do Brasil desde o na Bahia os terreiros que 2 Vagner Gonçalves da Silva, op.cit.p.121. dia 31 de maio de 1984. O Terreiro é de Oxossi e o Templo principal é de Xangô. O Barracão que tem o nome de Casa Branca, é uma edificação alongada com várias divisões internas que encerram residências das principais pessoas do Terreiro, como também espaços reservados aos quartos de Orixás, quarto de Axé, (Salão onde se realizam as festas públicas), bem como a cozinha onde se preparam as comidas sagradas. Uma bandeira branca hasteada no Terreiro indica o caráter sagrado deste espaço. No telhado do Barracão, símbolos de Xangô identificam o Patrono do Templo.Esta localizada na av. Vasco da Gama, 463, Salvador Ba. As Sacerdotisas do terreiro Iyá Nassô Oyo Akalagmabo Olodumare 3 Marcelina da Silva -Oba Tossi 4 Maria Julia Figueiredo de Oxum -Omó Niké 5 Ursulina de Figueiredo- Mãe Sussu 6 Maximiana Maria da Conceição -Massi 7 (citada na exposição) Maria Deolinda dos Santos -Papai Oké 8 Altamira Cecília dos Santos -Mãe Tatá- Oxum Tomilá -9(citada na exposição) "Ilê Iyá Omi Axé Iyamasé"(Terreiro do Gantois ou Axé Yamassê), Sociedade São Jorge do Gantois, como é conhecido essa é outra grande casa de candomblé GêgeNagô, que também nasceu da Casa Branca do Engenho Velho, foi fundado por Maria Júlia da Conceição Nazaré em 1849. O nome Gantois veio de um flamengo, originario de Gand que era o dono do terreno onde o templo religioso foi construído. O que diferencia o Gantois de outros terreiros tradicionais da Bahia, é que a sucessão se dá pela linhagem e não através de escolha pelo jogo de búzios. De acordo com o antropólogo Julio Braga: Historicamente, o Gantois é um candomblé familiar de tradição hereditária consangüínea, em que os regentes são sempre do Africana considerada uma das fundadoras da primeira casa de candomblé da tradição nagô no Brasil. 4 Mais conhecida como Oba Tossi, foi a segunda Iyalorixá do Candomblé da Casa Branca-Engenho Velho. 5 Filha da fundadora do Candomblé da Barroquinha Iyá Nassô, é também a responsável por trazer o culto de Xangô para a Bahia. 6 Quarta Iyalorixá na sucessão do Candomblé da Casa Branca do Engenho Velho em Salvador. 7 Foi consagrada ao orixá Oxaguiã Idanko Ezo, uma qualidade de Oxalá cultuada no Bambuzal 8 Era assim chamada por ser de Oxalá, foi a sexta Iyalorixá do Candomblé da Casa Branca do Engenho Velho em Salvador. 9 Filha legítima de Maria Deolinda, é a oitava Iyalorixá do Candomblé da Casa Branca do Engenho Velho. 3 sexo feminino".O Tombamento Terreiro do Gantois relizado em 2002, pelo IPHAN fica no Alto do Gantois, 33, no bairro da Federação, Salvador. Sacerdotisas do Terreiro Maria Júlia da Conceição Nazaré10 Pulchéria Maria da Conceição Nazaré Maria da Glória Nazareth. (citada na exposição) Maria Escolástica da Conceição Nazaré.11(citada na exposição) Cleuza Millet ou Mãe Cleusa de Nanã 12 Mãe Carmen do Gantois 13(citada na exposição) "Ilê Axe Opô Afonjá",Este é o terreiro mais antigo de que se tem notícia e o que, segundo vários autores, serviu de modelo para todos os outros, de todas as nações. Um grupo dissidente do Terreiro da Casa Branca, comandado por Eugênia Anna dos Santos, fundou, em 1910, numa roça adquirida no bairro de São Gonçalo do Retiro, o Terreiro Kêtu do Axé Opô Afonjá Sacerdotisas do terreiro Mãe Aninha Mãe Bada de Oxalá Mãe Senhora 10 11 Fundadora do terreiro do Gantois, em 1949. Conhecida como Mãe Menininha do Gantois em razão do apelido que recebeu na infância por ser Mãe Cleuza era filha de Mãe Menininha do Gantois.No Gantois, quem assume o lugar da mãe é a quieta e franzina, era filha de Oxum, a mais famosa de todas as Iyálorixá brasileiras. 12 filha mais velha. Segundo Julio Braga: Historicamente, o Gantois é um candomblé familiar de tradição hereditária consanguínea, em que os regentes são sempre do sexo feminino".Mãe Cleusa construiu toda uma vida longe do candomblé, casou-se aos 21 anos com um oficial da Marinha de Guerra, teve três filhos, Mônica, Zeno e Álvaro, viajou por muitos países. Na volta, decidiu morar no Rio de Janeiro e passou a exercer sua profissão, estudou Medicina na Universidade Federal da Bahia, seu primeiro emprego foi de obstetra. 13 É a filha mais nova de Mãe Menininha do Gantois e a irmã caçula de Mãe Cleusa Millet, foi iniciada no Candomblé para Oxalá quando ainda era criança. Após a morte de Mãe Cleusa Millet assumiu o Terreiro mais famoso do Brasil. Mãe Carmen trás o segredo do Axé tendo ao seu lado suas duas filhas: Angela de Oxum e Neli de Oxossi. Mãe Ondina de Oxalá Mãe Stella de Oxóssi "Ilê Lajuomi/Ilê Odô Ogê",O Terreiro Pilão de Prata foi instalado em 1963 pelo babalorixá pai Air José de Sousa, que permanece à frente da casa. O espaço possui axé de fundamento da nação Ketu, que teve origem nos ensinamentos do tataravô do babalorixá Air José, Bangboshê Obitikô. Sacerdote do Terreiro Air Jose souza de Jesus Denomina "Nação Jeje",o candomblé Jeje é minoritário no Brasil, seus deuses são o voduns, cultuados como nobres famílias mitológicas, associadas cada uma delas aos elementos da natureza. Seu ritual difere muito dos dois anteriores em todos os sentidos. Além destas, existem várias combinações destes três tipos básicos, que são formadas a partir do trânsito dos religiosos entre um e outro grupo. Dentre os daomeanos escravizados, uma mulher chamada Ludovina Pessoa, natural da cidade Mahi (marri), foi escolhida pelos Voduns para fundar três templos na Bahia. Ela fundou: Um templo para Dan14; um templo para Heviossô 15 ;um templo para Ajunsun 16 e O templo de Ajunsun-Sakpata foi fundado mais tarde pela africana Gaiaku Satu, em Cachoeira e São Felix e recebeu o nome de Axé KPó Egi, mais conhecido por Cacunda de Yayá, que tem como sua representante a iyalorixá Maria de Lourdes Buana (Iyá Ominibu Kafae foobá).Dona Lourdes, tem roça em Salvador no Bairro Cabrito, e também em Nilópolis, no Rio de Janeiro funcionando com toda a força apesar de seus quase 80 anos, marcando sua tradição no Kwe Foobá, com diversos descendentes do Jeje Savalu. São os Jeje Savalu ou Savaluno. Sakpata era rei da cidade Savalu na África, segundo alguns historiadores, Sakpata foi o único rei que preferiu o exílio a se render aos conquistadores do Daomé. O dialeto dos savalus também é o Fon.Na Rua do Curuzú, no bairro da Liberdade em Salvador, Amilton de Sogbo segue a luta pela preservação da tradição do Jeje Savalu, na condição de Doté, a frente do Kwe Vodun Zo (Templo do Deus/Espírito do Fogo). 14 Kwé Cejá Hundé, mais conhecido como a Roça do Ventura ou Pó Zehen (pó zerrêm) de Jeje Mahin em Cachoeira e São Felix; 15 Zoogodo Bogun Male Hundô" Terreiro do Bogum em Salvador; 16 Que não se sabe porque não foi fundado. Esse é o segmento Jeje Mahin do povo Fon; Amilton é descendente espiritual da Terreiro Cacunda de Yayá, onde teve o seu nascimento para o zelo ao Panteão Savaluno, pelas mãos de Jaoci Mãe Tança de Nanã. Seguem os terreiros pertencente a esta nação: Zoogodo Bogum Malê Rundó",(OTerreiro de Bogum),candomblé de tradição Jeje Mahin, tem muitas diferenças em relação aos outros terreiros de Salvador. A principal diferença é a língua falada nos rituais. Como explica Jaime Sodré (ogã da casa há 35 anos), no culto dos Voduns do Daoméa a língua falada pelos jeje é o éwé, do povo fon, com tradição ligada ao Benin.Além da língua, alguns rituais dos jeje são diferentes. No Terreiro do Bogum não existem Orixás, lá se cultuam os Voduns e recebem outras denominações e tem semelhanças com o Vodou haitiano. Segundo historiadores, foi no local onde está o Bogum que Joaquim Jêje, herói do movimento de insurreição de escravos malês, deixou o bogum (baú) onde estavam os donativos que permitiram a famosa Revolta dos Malês ocorrida em Salvador em janeiro de 1835. está localizado na Ladeira do Bogum, antiga Manoel do Bonfim, no Bairro do Engenho Velho da Federação, em Salvador. Sacerdotisas do Terreiro Ludovina Pessoa 17 Mãe Romana de Possú -Gaiaku Romaninha 18 Luiza Franquelina da Rocha -Gaiaku Luiza 19 Mãe Runhó -Valentina Maria dos Anjos Costa Mãe Nicinha, Gamo Lokossi -Evangelista dos Anjos Costa Emiliana Pidade dos Reis-(citada na exposição) Mãe Índia -Zaildes Iracema de Mello Denomina "Nação Angola",Este candomblé é resultado da presença dos negros bantos, da região Congo Angolesa da África, cujos deuses que cultuam chamam-se Inkices.Também os Inkices são a divinização e personificação da natureza na forma humanizada. As características rituais do candomblé Angola diferem das características do candomblé Ketu, mas as formas do ritual e da iniciação se assemelham muito. Como característica intrínseca da cultura banto, Fundadora irmã de santo de Ludovina 19 Iniciada por Mãe Romaninha entre 1944-1945 18 17 mais propensa à assimilação de valores estrangeiros, o candomblé Angola é fortemente marcado pelos valores brasileiros. Terreiro São Jorge Filho da Goméia"-Foi fundado por Mãe Mirinha do Portão, é de origem congo-angolesa. Após o falecimento de Mãe Mirinha em 1989, assumiu o posto Valdete dos Santos, sobrinha de Mãe Mirinha e filha de santo. Com o afastamento dela, assumiu então Mameto Kamurici, Maria Lúcia Neves, neta de Mãe Mirinha e atual responsável pelo Terreiro. Sacerdotisas do Terreiro Mãe Mirinha do Portão20 Mãe Valdete dos Santos Maria Lúcia Santana Neves Os Trajes Do ponto de vista dos elementos que compõem os trajes21 utilizadas, são marcos simbólico do pertencimento a determinado orixá, bem como distintivos de poder e diferenciação entre os membros da hierarquia. As roupas dos iaôs são mais simples, geralmente brancas; para os homens, calça e uma camisa branca sem bolsos ou enfeites; para as mulheres, saias rodadas com fitas e bico nas bordas, batas com adornos de bico de renda e bordados, anáguas, um camisu e o pano da costa. Em dias de festa, utilizam estampas em cores que lembram seus orixás. A mãe e o pai-de-santo, os ebômis e ogãs têm roupas mais incrementadas do que os iaôs, usam rechilier e outros tecidos mais nobres e bastante coloridos com um pano da costa. Só os ebômis entram no xirê calçados, os iaôs dançam descalços. Na Cabeça-Torço, turbante ou rodilha (anexo 1) No Ombro- Xale de pano de Costa (anexo 1 e 2) Corpo Camisa de Crivo; Blusa de cabeção rendado ou Bata (anexo 1) 20 Mirinha é iniciada aos sete anos de idade, para o Nkisi Mutalombô e tem como segundo Nkisi Bambulusema, juntamente com mais 18 muzenzas. Na época foi de grande ousadia o feito de tirar, como se fala na linguagem do Candomblé, um barco de 19 muzenzas, mas Joãozinho da Goméia era assim (desafiador e polêmico), logo, desta forma nasceu para o Candomblé Congo/Angola da Bahia e do Brasil a Monankisi "Sessa Dya Umbula",sendo chamada pelos seus irmãos de santo por Sessetu, o nome de seu erê, sendo filha pequena de Kilondirá chamada carinhosamente por Mirinha de Mãe Kiló. 21 Anexo 1 Corpo- Saia rodadas (anexo 1) Pés- Chinelinhas (anexo 1) As Jóias As jóias foram mais que adornos no século XIX na Bahia, ao portar as jóias a mulher negra simbolizava a manutenção de sua cultura. Cada orixá é representado por colares de contas22em cores específicas: para Oxossi, o azul claro leitoso; para Oyá, o marrom terra; para Iyemanjá, miçangas transparentes; Oxalá, o branco; Xangô, miçangas alternadas entre vermelho e branco ou marrom e branco. Quando se é iaô, usa-se um colar de palha-da-costa trançada com uma espécie de vassoura em cada ponta .o moça. Os diloguns são as insígnias do iaô, constituem-se em colares de dezesseis fios de miçangas fechados por uma firma. Geralmente, usam se três diloguns: um representando o orixá do pai-de-santo, outro do orixá pessoal e um de Oxalá. O pai-de-santo e os ebômis usam contas mais grossas, muito enfeitadas, por vezes feitas de coral, pedras africanas e símbolos que representam elementos da natureza e os orixás. Existe um colar característico que se usa após os sete anos de iniciação. o runjebe .e que possui intrínseca ligação com o orixá Oyá. São comumente usados, também, o Brajá, todo feito em búzios da costa, e o Lagdibá, colar distintivo do ebômi de Omolu, feito de chifre. Balangandã23-Enfeites e ornamentos. Podem também ser amuletos as negras escravas os usavam amarrados à cintura em dias de festa. Alguns historiadores indicam seu surgimento na Bahia. São miniaturas de objetos, sinais e símbolos originalmente confeccionados em metal, normalmente ouro ou prata. Entre eles encontramos a figa, espada, animais, búzios e frutas, reunidos em uma argola também metálica. Seu nome, Balangandã, imita o som que produziam quando eram agitados pelos movimentos do corpo de quem os usava Conheça os amuletos da penca de Balangandãs original, usada pelas negras: Corrente- simboliza a escravidão, afasta o mal olhado e doença; Pão da Angola- símbolo de longevidade; Pomba- Símbolo dos santos mártires e devoção cristã; Romã- Símbolo dó gênero humano e fecundidade; 22 23 Anexo 3 Anexo 2 Ferradura- Símbolo da felicidade e sorte; Cabaça- Cosme e Damião usado para guardar água pelos escravos; Sol- Oxumaré- Seus do arco ires e chuva Lua, Arco e Flexa: Oxóssi -Deus das florestas e da caça, São Jorge. Caranguejo: Omolú -Deus do Sofrimento Espada: Iansã -Deusa dos raios, ventos e tempestades. Caju ou Machado duplo: Xangô -Deus do raio, trovão, fogo e justiça. Peixe: Yemanjá -Deusa das águas salgadas. Cajado: Oxalá -Deus do ar,céu, rios e montanhas. Uvas ou Leque: Oxum -Deus das águas doces, fontes e cachoeiras. Bibliografia PRANDE, Reginaldo e Souza- As religiões afro-brasileiras nas ciências sociais: Uma conferência, uma bibliografia. Texto em publicação na revista brasileira de informações bibliográficas em ciências sociais- BIB BATISDE, Roger- As religiões afro-brasileiras. São Paulo: Pioneira,1971. http://www.atardefm.com.br/cultura/noticia.jsf;jsessionid=FF8FA0F7421EC544939763C42A6F7E7 F.jbossdube1?id=933930 .Acesso em:15de set.2008 http://www.museucostapinto.com.br/. 
Colaboração de David de Oxossi.
Fonte: http://www.ebah.com.br/heranca-africana-pdf-a26970.html

sexta-feira, 15 de junho de 2012

PARA REFLEXÃO PESSOAL E BUSCAR SOLUÇÕES VERDADEIRAS






PARA REFLEXÃO PESSOAL E BUSCAR SOLUÇÕES VERDADEIRAS


A proibição imposta aos noviços através de segredos conhecidos como fundamentos, pode ter uma lógica no Brasil. As pessoas novas de santo devem ter um limite de aprendizado de acordo com seu tempo dentro da religião. Na África aonde ainda há culto aos orisa todos devem saber acerca dos fundamentos. Vários rituais são feitos em praça pública, mesmo porque um dia todos serão iniciados. Entretanto o medo imposto por certos "Babas" e "Iyas" aos filhos, isso sim é errado, por exemplo: quando consultam os búzios, dizem que os Orisas estão brigando e confundem as pessoas (Orisas são energias puras, que não tem tempo a perder com isso; egoísta, são os seres humanos desse plano astral que não tem o que fazer). Os Orisas quando não ajudam alguém, não atrapalham, na África se você deixa de cultuar um Orisa ele jamais vai lhe fazer mal, o que na verdade existe são sacerdotes desesperados, caminhos de Ebós mal dados, interpretação de "ODU" mal feitas, Sasanhas pela metade, Àdúrà misturadas, Ibà sem propósito, Oriki sem pé nem cabeça e OFO sem vinculação de ASE (a força que realiza). Existem vários sacerdotes acomodados em cima da sua fama colocando cabresto em seus filhos e inventando o que não existe. É bom lembrar sempre das limitações de nossos supostos "olhadores de búzios" e procurarmos nos instruir antes de cair em suas lábias. Eu conheço várias pessoas ávidas de conhecer alguma coisa acerca da religião e seus "pais" e "mães" não respondem as indagações. Como já escrevi existe mesmo limitações de aprendizado de acordo com a condição do Abian, Elegun, dos cargos hierárquicos, etc. Porém o ensinamento básico da teoria não há razão de esconder. Os iniciados não conhecem o credo Yorubá, os Itans, ciclo da reencarnação, a importância do seu Ori, diferença entre Esu Imole e falange de Exu, os genes da criação segundo a crença Yoruba - Nagô, etc. Os filhos não sabem uma reza (Àdúrà) do seu próprio OLORI ORÌSÁ (seu “santo” de Ori), não sabem o porque da religião e o que estão fazendo na mesma.
NEM TODO MUNDO PRECISA "RASPAR" A CABEÇA,POIS NEM TODOS PRECISAM SER INICIADOS!
O culto de Orisa é complexo e a cada problema Ifá nos mostra uma solução ou mesmo um conselho para certas aflições. Foi-se o tempo dos "Babas" e "Iyas" solucionar os problemas quer de clientes, quer dos seus filhos de santo. Hoje fazem Ebós com prazos mínimos de 21 dias e máximo de 3 meses, 6 meses e assim por diante, na verdade a coisa não funciona e eles ficam mentindo para as pessoas.
Por isso eu repito: os Orisas não existem para causar mal a ninguém, o que na verdade existe são sacerdotes desesperados, caminhos de Ebó mal dados, interpretação de Odu mal feitas, Sasanhas (quando há) pela metade, Àdúràs misturadas, Ibà sem propósito, Oriki (quando há) inúteis, Ofo sem Ase, Ebori sem uma cantiga direita para Ori, Igba-Orisa mal montados, utilização de Ase sem direção, etc. Vamos todos procurar os nossos melhores sacerdotes, com calma, pois TEM MUITAS PESSOAS HONESTAS E SÉRIAS POR AÍ.
O jogo de búzios faz parte do ritual afro-brasileiro determinando às vezes todo o processo de iniciação, como também indica os Ebós, folhas para isso ou aquilo etc. Nas obrigações de 7 anos (hoje em dia) todos os Oyê (títulos), são para "Babas" e "Iyas" e vem com a premiação do uso do jogo de búzios. Será que todo mundo que o recebe joga mesmo? Ouço varias pessoas reclamando dos "olhadores" dos búzios, dizendo: "O cara disse um monte de besteiras; estou com Exu me tirando as coisas", e assim vai...
Gente! Jogam-se búzios quem tem a permissão dos Orisas e nem todo mundo tem. As obrigações do jogo vêm de um outro sistema de culto, não se dá matança em cima de peneira não. Vamos procurar nos esclarecer, pare de correr atrás de “qualidade” de Orisa sem ao menos saber de suas próprias qualidades, ou seja, deve não ter a curiosidade excessiva, isto é defeito, não qualidade. Sem um conhecimento básico sobre ÒRUNMÌLÀ e seu Oráculo, não se joga, o sacerdote para olhar o jogo, também tem seus sacrifícios, que, o futuro olhador deveria passar. Por isso, aos amigos, um aviso: CUIDADO COM NOSSOS SUPOSTOS "OLHADORES" DE BÚZIOS!
E CUIDADO COM AQUELES QUE TENTAM DETURPAR O SEU SACERDOTE.
CUIDADO COM PESSOAS QUE TÊM INVEJA DE SUA ESPIRITUALIDADE, E DENIGREM AQUELES QUE SÃO VERDADEIROS SACERDOTES E SACERDOTISAS.
A situação do culto afro-brasileiro vem tomando um novo rumo graças aos tão criticados pesquisadores, os atuais sacerdotes entram em constantes conflitos encontrados em livros, revistas, crônicas, etc. O que ocorre é que tais sacerdotes despreparados não conseguem explicar às vezes o óbvio e dizem que não precisam estudar, proíbem seus filhos de pesquisar e aí acontecem as brigas. Cultos Afros seja lá o que for precisa sim de estudos, pois mesmo que aprendam alguma coisa em estudos os filhos não teriam a permissão nem mesmo o tempo de seu Orisa para fazer alguma coisa, simplesmente seu zelador o orientaria e estaria resolvido o problema. Entretanto o egoísmo e a mania de submissão imposta pelos supostos sacerdotes continua em alta. Nem todos os livros merecem crédito, porém se a pessoa for inteligente saberá separar o joio do trigo com certeza. 
"INSTRUÇÃO AOS OMÒRÌSÀ"
Alguns africanos, sacerdotes de mentira, descobriram no Brasil uma "mina de ouro". Um desses lançou uma apostila onde ele diz que qualquer pessoa pode assentar Orisa dentro de casa. E as pessoas estão me perguntando se está certo ou não.
É claro que não!
Manuseia-se ASE quem passou ASE.
Vai ser muito desastroso as pessoas leigas mexerem com forças desconhecidas, mesmo porque a forma dos assentamentos, as folhas, as informações contidas em sua apostila estão fora de nossa tradição cultural. Por exemplo, ele diz sobre o assentamento de Egungun que vem de uma outra forma de culto dos Orisas. Na verdade só podem assentar Orisa os sacerdotes preparados tanto aqui como na África e depois que se consulta o sistema divinatório de Ifá - Orunmila, seja ele Búzios, Opele, Ikin, etc. A pessoa leiga desconhece segredos e não possui a condição necessária para assentar Igba-Orisa e o fato da apostila ser limitada dificulta o entendimento do leitor. Fosse ele um Omo-Orisa com certeza não se atreveria a escrever segredos que ele próprio saberia passar as pessoas seguindo uma hierarquia existente aqui na terra-mãe. Eu já escrevi várias vezes citando que existe toda uma história, crença, credo, lendas Yorubas liberadas para leigos para o entendimento do próprio culto, entretanto, um ditado diz "BÍRI BÍRI BOWON LOJU OGBERI NKO MO MARIWÔ" existe uma limitação de aprendizado para os não iniciados (fugindo da tradução ao pé de letra), isso se agrava mais ainda quando partindo de uma apostila inteiramente descabida. 
Gostaria de chamar a atenção mais uma vez para um assunto muito importante, o sacerdócio dentro do culto Afro - Brasileiro. Depois de eliminar todos os outros cargos quando da obrigação dos 7 anos, todo mundo acha que pode ser "baba" ou "iya", ai acontecem as barbaridades porque nem todo mundo nasceu para isso. As pessoas procuram um socorro e o sacerdote geralmente passa um ebó, que não sou eu que critica, são as pessoas que comentam o resultado desastroso...
As pessoas voltam a casa dessa (e) sacerdote e ouvem: espera um pouco que vai acontecer e passa o tempo e nada; esse mesmo pessoal procura um outro tipo de socorro em uma outra religião obviamente. Uma é a pessoa fazer os 7 anos e tomar deka, cuia, oye, ou qualquer coisa, outra é a pessoa ser capaz ou ter o dom de ser um sacerdote (Isa). Já vi muita gente famosa pecar nesse detalhe e muita gente humilde resolver situações complicadíssimas de seus clientes ou filhos de santo. Sem demagogia, sem os grandes fundamentos que só essa gente famosa sabe. Antigamente fazia-se eleguns e os mesmos tinham mais respeito. Hoje em dia, é tanto fundamento, qualidade de santo, mistérios e os eleguns já saem do quarto de òrísá querendo ser tudo. È melhor revermos os valores antigos e parar com tanta fantasia que espantam as pessoas de nossa religião. 
Enquanto os protestantes se unem cada vez mais, o povo do òrísá continua a tentar se engolir. Um querendo ser mais do que o outro, querendo saber mais e assim por diante. Clientes, filhos reclamando disso ou daquilo. Primeiro são os ebós que não funcionam, depois eboris que não adiantam nada, iniciação sem propósito, já que os zeladores insistem em dizer que os problemas das pessoas serão solucionados através de iniciação (raspagem). Isso mostra a falta de conhecimento do atendimento às pessoas que procuram certos zeladores e se dão mal.
Ifá mostra para cada problema uma solução através de etutu, ebós ou até mesmo uma boa orientação, entretanto, os "pais" e "mães" de santo insistem em ebori ou iniciação (raspagem); Eborí ou Bori é adoração à cabeça, fortalecimento do "ori inu"; do emi vinculado, àsé, na pessoa que esta se sentindo enfraquecida espiritualmente. A maior bagunça refere-se e dizem: - você esta com o òrìsà trocado ou errado! Confundindo à cabeça das pessoas. Na verdade eu digo e repito o que acontece é que são ebós errados, sasanhas sem folhas, itans absurdos, óppólós (quando há) sem sentido, Eboris sem cantigas para ori, oros de iniciação descabidos que prejudicam a vida do futuro noviço (a).
Vamos perguntar quando não souber, sejam humildes.
O òrìsà é de todo mundo, porém nem todo mundo precisa de òrìsà. A união é o melhor caminho para a união da religião. Sem demagogia, a união do povo protestante é notável. Enquanto isso a religião afro vai se distanciando do povo cada vez mais, dia após dia.
Inúmeras pessoas dão testemunho do seu bem, porém, são pessoas que freqüentam terreiros de umbanda e candomblé. Na verdade essas pessoas foram prejudicadas por esses falsos "pais" e "mães" malucos intrometidos fantasiados de sacerdotes. Uma corja de vagabundos exploradores da fé alheia. Sem ocupação fazem da religião um meio de vida. Existe a lei da salva no candomblé sim; mas não um meio de exploração que em grande porcentagem dos casos não resolvem a vida de ninguém. Revoltados procuram as igrejas evangélicas dando munição aos protestantes para humilharem cada vez mais nossa religião e nossa cultura. Não conseguem nem resolver a vida dos clientes, esses falsos sacerdotes, e querem cobrar quantias exorbitantes das pobres pessoas.
Conheço várias pessoas em maus lençóis devido à procura da mesma em busca do auxilio e foram enganadas por esses falsos sacerdotes. Enquanto isso vemos diariamente o fortalecimento dos evangélicos; triste desunião que passa nossa religião atualmente.
BY SUAMI DÓSUN [SUAMI PORTINHAL]



EGBE HERDEIROS DE IFÁ