segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

DENDEZEIRO....






A palmeira do dendezeiro é conhecida pelos Yorùbá(s) por Igi-òpe, mas em termos culturais referem a ela como Igi-Àgunlá - Igi-Àgunlá é uma expressão que descreve a sua importância desde aspecto religioso, social e econômico, pois fornece:
— Emu - vinho de palma, usado nas comemorações dos festivais Religiosos;
— O azeite-de-dendê é usado tanto na culinária com em quase todos os Cultos aos Òrísà, pois se trata do elemento apaziguador de Èsù.
— O Mànrìwò – folha tenra é usada como roupa “isolante da força caótica” de Ògún, Egúngun e Òsányìn;
— As nervuras do mànrìwò desfiado para Ògún faz-se o Sàsàrà de Obàlúwàiyé. Além disso, representam, Egún (os mortos).
— Mànrìwò desfiado posto no batente da porta do Ilé Àse, significa dizer que, o que está do outro lado é Sagrado – é um recado;
— Beber suco da folha tenra da palmeira – mànrìwò, cura anemia, pois é ferro puro;  
— As fibras da palma são usadas em artes e artesanatos;
— As fibras retiradas das sementes (para extrair o óleo) são usadas para atear fogo no fogão a lenha;
— A folha é usada em construções de casas;
— O óleo é amplamente usado em culinária;
— As sementes com 4 (quatro) orifícios – Ikin(s) -, são usadas pelos Bàbálawo para fazer Divinações;
— As sementes comuns são usadas pelos ferreiros para fazer fogo em suas forjas;
— Das nozes é extraído um óleo chamado de àdí. Esse é usado em magias negativas (feitiços), na fabricação de cosméticos e de chocolates.
— As cinzas resultantes do fogo do ferreiro são usadas para fazer sabão-da-costa, tinturas em tecidos e em estatuetas, para fazer magia de proteção e para fazer uma magia que pode; em nome de Ògún, matar um inimigo.
Seu valor de mercado e religioso é inigualável.
Uma Orin (cântico antigo) diz:
Ogege (refere-se ao frescor e ao verde da palmeira);
Igi-Àgunlá (árvore que não se importa com nada – simplesmente, cresce);
Ogege o
Igi-Àgunlá.
E n’igún ogege o. (ela vive como o abutre, no frescor);
Igi ni olà L’Ògún o. (árvore da fortuna de Ogum).
Mànrìwò tem conotação de uma espada – arma de Ògún; contém ferro – Elemento de Ògún; serve de roupa para Ògún e isola a força caótica do próprio Òrísà; serve de roupa para Òsányìn – é remédio; serve de roupa para Egúngun – cobre o corpo do Òje e não o deixa passar vergonha.
Dessa maneira, rasgando Mànrìwò sabendo qual é o seu significado, diante de Ògún, é como usar uma espada capaz de limpar o caminho de qualquer pessoa...
Quando fazemos saudações aos Primórdios do Tempo, dizemos:
Ìbà Àkodá to dá tie lorí ewé.
Ìbà Àsedá to dá tie lorí òpe — ou: nilé pé-n-pé.
Àkodá é o Início da Criação, é Obàtálá = o Criador do Homem. 
Aquele que Criou o homem em cima de folha – folha de Mànrìwò.
Àsedá é o Início da Lei, é Ser Criado por Obàtálá em cima da folha tenra da palmeira do dendezeiro - Mànrìwò.
Podemos perceber claramente que:
— Quem Criou esse Primeiro Ser que ficou de pé em cima do Mundo, foi Egúngun;
— Que Egúngun é a Folha Tenra da Palmeira do dendezeiro - Mànrìwò; 
— Que Ògún que é o primeiro Ser Humano e que aparece para nos garantir a estabilidade e a instabilidade, pois Ele nada mais é   do que a combinação de folha versus estrutura humana – Egún, osso. Enquanto que a estabilidade não fala, a instabilidade por ter movimentos, fala.
Desse modo, é possível praticar o Culto de Òrísà sem fazer referência ao dia da Criação do Homem em cima da Terra, pois foi a Palmeira do dendezeiro - Mànrìwò, que cobriu o corpo do primeiro Ser Humano e não o deixou passar vergonha... No dia que Orúnmìlà envergonhado com a própria nudez abrigou-se num buraco, Egúngun veio do Céu e lhe construiu uma casa cercada e coberta com as folhas da palmeira e uma roupa de Mànrìwò – Orúnmìlà admitiu nesse dia que Egúngun era mais sabido que Ele.
É assim que o conhecimento vale mais que a Fé bestial e cega. Todos os elementos da Cultura/Religiosa Yorùbá têm por base o saber fazer; sabendo o porquê, sem precisar ter contato com a coisa.
Dessa maneira,  por sustentar de várias formas as tradições de um povo, que Igi-òpe é uma Igi-Àgunlá - Árvore Sagrada
Orlando J. Santos - Bàbá Dímòlòkò

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Òrísàlá Obàtálá -





Òrísàlá
Obàtálá - Àse Dímòlòkò


Òrísàlá (Grande Orixá);
Obàtálá (Grande Rei).
Porém, designações lhe são atribuídas em razão do seu Poder.


•   Òrísà-àlá - Orixá da Pureza;


•   A-té-rere-k’àyé - Aquele que se Expande por todo o Mundo;


•   Elédá – Criador;


•   Alábàláse - Revelador dos Acontecimentos Futuros;


•   Ibikéjì Èdùmarè - Representante de Olódùmarè;


•   Àdìmúlà - Protetor;


•   Obàlùfòn - Rei de Ifòn (cidade) ou Òsálùfòn (Ancestral da Paz do Reino de Ifòn); 


•   Ògìrìyán - Aquele que se Alimenta de Inhame Pilado;


•   Òrísà Funfun - Orixá Albino; 


•   Aládé Seséfun - Rei que usa Coroa confeccionada com miçangas Brancas; 


•   Òrísà-Roowú - Orixá do Algodão;


•   Conhecido principalmente por Òrísàlá - Ancestral do Pano Branco;


•   Obàtálá - Rei do Pano Branco;


•  Àjàlá-Òrun - Arquiteto do Céu – Fazedor de Cabeças e muitos outros, pois da família dos Òrísà(s) Brancos, fala-se em cinquenta e uma divindades. Dentre Elas:


•  Òrísà-Olókè - Orixá Dono das Montanhas; Òrísà-Oko - Orixá da Fazenda - Pai de Ògún; Òsàlúfòn também conhecido por Obàlùfòn é que o Dono das Doenças de Pele, como, por exemplo, o vitiligo. E que, representa a estabilidade, serenidade, lentidão e sabedoria dos idosos, adquirida pela dedicação aos bons modos de viver e a dedicação ao Sagrado, cuja relação com o branco determina boa reputação, total integridade, boa conduta ética, ordem e respeito.


•  Òsógiyán ou Òsàgiyán - Feiticeiro ou Orixá que Come Inhame Pilado, ao contrário de seu Pai Òsàlúfòn, representa a instabilidade de transição entre os velhos e jovens ou entre o que é velho e o que é o novo. É considerada uma divindade revolucionária, mas a visão é de que Ele não participa das guerras, apenas articula as ideias e formas de ataques e colabora com Ògún.


•  Obàtálá é o Rei dos Òrísà(s). Acredita-se que o próprio Olódùmarè (Deus) o encarregou de Criar os seres Humanos e povoar a Terra. Obàtálá foi quem disse: “façamos de um primitivo a nossa imagem e semelhança.”. E, usando espermatozóides de uma espécie de maçado (Àyágbó) e o óvulo doado por Ìyá-Àjé – Mulher Encantadora -, empreendeu o “Projeto Humano, Divino, na Terra”.


Por esta razão é associado ao Poder Masculino/Feminino de Olódùmarè e tido por seu representante no Mundo. A Èmí (Alma ou Respiração Humana) é uma doação de Olódùmarè acoplada ao óvulo de Ìyá-Àjé e transmitida através do cordão umbilical para dotar o Ser Humano de raciocínio e inteligência.


Como Obàtálá nos deu a forma é de sua responsabilidade os defeitos relacionados com Criação. Logo, pessoas com defeitos físicos, problemas mentais, doenças de pele ou albinas, são suas protegidas. Exemplo: “uma pessoa que tenha perdido um braço ou uma perna não pode ser iniciada para outro Òrísà se não Obàtálá”. Independentemente!


É uma divindade relacionada à criatividade, prosperidade, fertilidade e procriação. Mulheres com dificuldades de engravidar recorrem as suas bênçãos e conseguem filhos.  Mulheres grávidas bebem água do seu pote e pedem para que seus filhos nasçam bonitos e perfeitos.


No entanto, tanto na Vida quanto na Morte, nada é perfeito. Tudo passa pelo processo de expansão e contração ou de Luz e Treva. Assim, do mesmo modo que Obàtálá nos deu a vida, o poder de raciocínio e nos diferenciou de outras espécies, também, pode tirar tudo isto de nós através do esgotamento de nossa força vital (àse), pois:


•   Obàtálá-Ikú – Morte; 


•   Obàtálá-Tòsi - Pobreza;


•   Obàtálá-Lòsi - Miséria; 


•   Obàtálá-Àrun - Doença; e 


•   Obàtálá-Ìjà – Desavença ou Conflito. 


Todos os tipos de infortúnios são “qualidades intrínsecas” de Obàtálá, mas as pessoas insistem em querer atribuir essas coisas a Obàlúwàiyé, uma visão de quem só conhece Òrísàlá como o Senhor da PAZ e da TRANQUILIDADE (...). 


Ao contrário do que se imagina ou pensa, é um Òrísà violento e tão perigoso quanto Ìyámi-Òsóròngà e que, por isto, lhe oferecemos Ìgbìn (caracol) como símbolo de autocontrole, paciência e serenidade - resiliência. É bobagem dizer que Ele detesta violências e que tem horror a sangue. Essas coisas devem ser evitadas sim, mas para não provocar a sua ira. É como uma regra estabelecida para não incomodá-lo — Ele é o Senhor do Ar da Atmosfera — um ambiente quente. 


Por isto, quem ainda não adquiriu domínio sobre o que faz, deve evitar o uso de bebidas alcoólicas para não excitá-lo além do que calcula. Pois, apesar de associado à ideia de repouso, imobilidade, tranquilidade e silêncio imperturbável. No entanto, é uma divindade birrenta e que não perdoa os incautos. 


Oferendas: 


Peixe bagre de água doce, canjica branca, Inhame pilado, arroz, feijão branco, frutas de cascas verdes, melão, bananas prata e cana-de-açúcar.


Molho de caracóis preparado com o suco das sementes do melão, cebola ralada, tomates, um pouco de leite e manteiga vegetal (orì). 


Não aceita oferendas de: dendê, sal e mel.


Cor: branco (tecido 100% algodão).


Dia: sexta-feira (semana de lua cheia) ou seguir o calendário cultuando-o a cada cinco dias.


Natureza: Ar da Atmosfera, neblina.


Metal: prata, chumbo, estanho e platina.


Saudação: Èèpà Bàbá! Atemorizados o cumprimentamos, Pai!


Símbolos: Òpá-òsoro (cajado de caminhante) e ìrùkèrè (um tipo de espanador confeccionado com a calda do antílope — símbolo real).  


Características


O filho/a de Òrísàlá tem uma personalidade forte e moral ímpar, mas detesta confusão e que ninguém se atreva a tirá-los do sério, pois é nervoso/a feito o “Saci” e se entrar numa briga é um “deus-nos-acuda”. É como se o próprio Òrísàlá se envolve na “pureza do pano branco” (roupa de Egúngun) para brigar no lugar do filho/a. 


É uma pessoa alegre, gosta de música e de dançar.
Opondo-se a própria natureza, adora a noite e de vestir-se de preto. 


É um/a grande amigo/a, desde que se aceite as verdades que saem de sua boca. Da boca dos filhos de Òrísàlá só saem verdades, e ponto.


Não perdoa falta de ninguém! Pune o culpado sem piedade! É vingativo!


É como um Camaleão ou o pano branco, “disfarçado” alcança os objetivos. 


Tabu:


Não pode se sujar com Azeite-de-dendê, pó de carvão, fumaça, apagar fogo, tomar banho em cachoeira —, tudo isso para evitar ser acusado de crimes que não cometeu. Por exemplo, estupro, roubo, etc., etc., etc
postado por  Orlando J. Santos ,Bàbá Dímòlòkò, Àse Dímòlòkò,
Ilé Àse Lóde Ògún Egbé Omo Òdúwà.
(Casa de Realização do Caçador Ogum Sociedade dos Filhos da Fonte Geradora de Vida)