A Fé
Acrescentando minha opinião sobre fé e dedicação diária....
O que noto e sempre notei nos Candomblés, foi a falta de informações que constroem a fé ou que a fortalecem. Vi muitas pessoas, que entram para a religião por vários motivos mas não aprendem o básico do básico e por consequência não entendem muito bem o que estão fazendo ali,apenas sabem que aquele lugar faz bem a ela, ou ela tem alguma coisa a fazer ali.
O mal está na falta de conhecimento, de entendimento dos porques (não os porques ligados a fundamentos) mas sim os porques que orientam o entendimento de uma criatura, que geralmente vem de formação cristã e isso gera durante algum tempo conflitos internos justamente porque ela vem já com uma carga de "entendimento e conduta" das religiões cristãs, que se chocam com o Candomblé, o sacrifício é uma delas, e nada lhes é explicado, apenas se sabe que no Candomblé se vc soma A+B +C vai chegar a X. Não é explicado que para esse resultado vir e mudar sua vida existe toda uma mudança interna que essa pessoa deverá fazer ou seja, melhorar seu caráter, deixar de fazer certas coisas que agridem seu Ori, etc....O próprio entendimento de Ori e de toda uma conduta diária não lhes é explicado, e aí vem o erro da maioria dos Sacerdotes do Candomblé, não explicam ou porque eles mesmos não param para pensar e "não sabem o significado" , só sabem "fazer assim porque aprendeu assim", muitos aprendem a fórmula mas não a estudaram, não sabem os porques e portanto não podem passar o que não sabem a seus seguidores.
Uma pessoa que faz um ritual mas não sabe o porque o fez, nem que ela mesma tem regras e preceitos diários a seguir até se obter um resultado, até que o Orun[CÉU] atenda a um pedido de Aye[TERRA], nunca vai chegar a amar realmente sua religião nem ter respeito por ela, pois não imagina que temos todo um código de conduta, e a função de nossa religião , a principal é a mesma das outras:
melhorar o ser humano, fazer dele mais "humano", respeitar o direito do próximo, se preocupar com o espiritual, com sua essência e não agredí-la, para que seu destino seja bom....
Enfim, o que acho é que enquanto os Sacerdotes não se preocuparem em ter explicações desse gênero e passá-las a seus seguidores, enquanto eles não forem exemplo de conduta e caráter a seus seguidores, enquanto eles deixarem passar que somos uma religião que une o sagrado, o divino à mais baixa feitiçaria e amarrações amorosas, os novos continuarão perdidos entre a pergunta..." Será que eu estou servindo a Deus ou ao Diabo?" ou
"O que essa religião está fazendo de mim, uma pessoa pior ou melhor do que eu sou"? Porque as pessoas hoje em dia se questionam , mas a maioria não tem a explicação para sentir que estão numa religião como outra qualquer, apenas mais antiga e porisso com ritos que podem as vezes serem mal interpretados e confundirem a cabeça do leigo.
Portanto o que penso realmente é que somos atacados, e somos realmente, em muito se deve a propria conduta de certos sacerdotes da nossa religião, que não são exemplo a seus seguidores, que não se dão ao respeito e com isso denigrem a religião dentro de suas próprias casas de candomblé, muitos que são da lei "faça o que eu mando, mas não o que faço", enquanto a quantidade de "iniciados" valer mais que a "qualidade", e enquanto as pessoas que estão entrando para a religião ficarem sabendo seu Orixá inclusive qualidade e acompanhamento, já entram para se iniciar sabendo da receita que será usada e do que vai passar lá dentro, mas sem a mínima noção que depois dessa feitura terá que mudar sua vida, e adotar uma outra como ser sagrado, como renascido... .uma nova criatura ensinada em todas as outras religiões para todos os iniciados!
Enquanto os Sacerdotes não adotarem um código de ética e conduta para serem realmente "respeitados" como sacerdotes.. .a situação continuará a mesma.
O orum
Gostaria de trazer um
tema bastante atual e que reflete minhas ideias e pensamentos a
respeito. Isso é longe de ser definitivo ou completo mas pelo menos
aborda um aspecto dessa questão.
Lamento o tamanho da postagem mas, é sempre assim quando o assunto é polêmico...
A questão das trocas entre o órun[ceú] e o aiye [terra].
Existe uma questão que sempre me perseguiu e talvez aconteça o mesmo
com outras pessoas que estejam preocupadas com a religiosidade em si
que deve estar presente nas pessoas que praticam uma religião, e essa
questão é a capacidade que deve ter o crente de qualquer religião em
poder responder a uma pergunta muito simples, talvez a coisa mais
elementar que é: O que ele faz dentro da religião? Qual a finalidade
dele na religião? O que a religião traz para sua vida? Como a religião
se incorpora na sua rotina diária?
Parece um coisa simples de ser respondida por uma pessoa que se diz
sacerdote, seguidor ou crente de uma religião, principalmente para
uma pessoa que não faça parte desta mesma religião. Não se trata de
proselitismo, mas, um crente tem que ter a capacidade de motivar ou de
explicar as suas motivações para um não crente, dessa forma não é para
convencer o outro a adotar a sua religião, mas, conseguir explicar a razão da tua fé e
seus motivos nessa religião.
É claro que vou apresentar aqui a minha versão para isso e que é esta
a questão de fundo do que estou escrevendo, mas, antes disso gostaria
de explorar um pouco mais esse drama. Sim, o drama, que se transforma
essa questão. Eu penso que é muito normal uma pessoa que esta dentro
de uma religião ter a capacidade de se expressar sobre os motivos que
a levam a estar lá e que benefícios a religião traz a sua vida de uma
maneira que não só a pessoa pode explicar sua opção como também
convencer outras desse caminho.
Mas, o que eu observo é que, quando estamos lidando com o Candomblé e
com a Umbanda isso se torna, sem exagero, um transtorno mental.
Deixando de lado a boa vontade e simpatia e se concentrando na
argumentação em sí, eu, até hoje, ouvi muito poucas, raríssimas,
pessoas, que podiam se explicar sem caírem em lugares comuns, frases
decoradas que não convenciam nem elas mesmas do que estavam fazendo.
Por exemplo, no caso do Candomblé qualquer resposta depois de alguns
segundos de silêncio e aquele olhar profundo e perdido.... resulta em
umas frases como: Eu amo meu orixá ou meu orixá é tudo para mim, O
orixá é quem me dá caminho, etc... Nada de errado com essa
manifestação de fé e carinho muito apropriadas a uma religião
iniciática onde o orixá deve desempenhar um papel muito exemplar no
imaginário do seguidor, mas, de forma nenhuma serviriam para explicar
a alguém o motivo daquilo tudo ou convencer a sim mesmo do que esta
fazendo e o porque de tantos preceitos e sacrificios.
No caso da Umbanda o mais comum é a velha definição de que ela esta
ali para ter uma evolução espiritual, mas, prosseguindo com mais
perguntas sobre o mesmo tema, não se consegue que a pessoa defina com
clareza o que é esta evolução espiritual para ela. Responder a
primeira pergunta sobre um assunto exige um pouco de conhecimento,
funcionando até mesmo uma embromação, mas responder 3 ou 4 perguntas
sucessivas sobre o mesmo assunto aprofundando a resposta exige saber
de fato o que se esta falando. Assim me transtorna um pouco ver tanta
fé nas pessoas, se dedicando dias e noites a uma religião sem que se
pudesse perceber se elas sabiam o que as mantêm ali.
Vocês podem estar imaginando: e daí? Qual a significância em se saber
definir isso em palavras se o que importa é o que está no coração?
Claro, essa é uma boa fuga para essa questão, mas, se fosse assim
mesmo, só uma questão de se expressar oralmente, eu tenho certeza que
a gente não veria tanta gente deixando o Candomblé e a Umbanda para se
transformarem em Evangélicos, deixando anos de dedicação para trás,
sem significado nenhum e acreditando de fato que na Igreja conseguiu
se encontrar com Deus. Como já ouvi e li de vários. Sério, não estou
exagerando. Não estava buscando definições acadêmicas ou formais,
estava buscando apenas uma explicação que me convencesse de fato.
E mais, conversei com várias pessoas para entender como era a vida
religiosa dela depois da sua iniciação ou mesmo para aquelas não
iniciadas e que apenas frequentavam o terreiro. Para meu espanto, fora
a presença em obrigações, aquilo era sempre um grande vazio interno....fiquei assustadíssima!
Vejam, estar presente em obrigações ou no seu terreiro fazendo tarefas
domésticas não significa necessariamente que se esta tendo um vida
religiosa. Existe muitos religiosos que vivem enclausulados em igrejas
e conventos mas o trabalho doméstico é apenas uma necessidade em
relação vida em comunidade, elas dedicam muito do seu tempo a
religiosidade pessoal ou coletiva.
Mas o que eu esperava obter? Como já disse resposta simples, sinceras
e refletissem o envolvimento da alma daquela pessoa com a religião que
ela adotou, que fosse uma coisa tão simples e natural e ao mesmo tempo
calorosa que desse a quem ouvia a vontade de também participar daquela
vida.
Mas porque essa decepção?
A falta de orientação religiosa é assustadora.
Olha muito motivos existem. O primeiro deles sem dúvida é a falta de
formação e orientação religiosa dos ditos sacerdotes de Candomblé.
Eles abrem a boca para se auto nomearem sacerdotes de uma religião sem
ao menos terem uma conduta consistente que justique o emprego desses
termos, seja o de sacerdote seja o de religião.
Além disso o Candomblé esta hoje muito mais para uma religião magica
ou pratica mágica do que religiosa. Como religião a prioridade são os
ritos de liturgias e esse tema domina a formação e a preocupação das
pessoas. Só o rito importa, só a forma e fazer melhor do que outro e
saber mais ritos e segredos liturgicos transforma aquele
pseudo-sacerdote em alguém melhor. O dia a dia é dominado pela pratica
da magia para a obtenção de favores, para a correção de erros sem um
questionamento do mérito de quem pede ou da moral do que é feito.
Esse assunto, o da pratica mágica a ética ( na maior parte das vezes) e
da ritualística é o que domina qualquer conversa envolvendo os
praticantes e sacerdotes. Uma visita ao "dial" do rádio deixa isso bem
claro. Encontramos programas católicos, poucos, evangélicos, muitos,
e os de Candomblé. Enquanto nos primeiros existe uma preocupação com a
pregação da palavra de Deus, do verbo, para os últimos é apenas uma
hora de comércio e relacionamento.
Desta maneira a religião que existe e na qual se baseia o Candomblé se
perde e é esquecida. Os conceitos religioso, a teodócia a teogonia ou
mesmo a coisa mais simples, que é como eu iniciei qual o sentido para
isso na vida das pessoas, são apenas fragmentos não ligados que são
ditos com brevidade mais no sentido de mostrar que existe um
fundamento maior por trás de tudo, a religião de fato, mas que
raramente é explicado, servindo mais como isca ou como elemento para
despertar curiosidade e respeito. As pessoas entram na busca desse
conhecimento que nunca vem.
A grande responsabilidade por isso é a própria formação dos referidos
sacerdotes, completamente voltada para o rito e o ganho pessoal
através da pratica da religião. A preocupação por criar essa
orientação religiosa de fato não existe e como a gente sempre diz, que
só se pode dar aquilo que recebe, eles pouco ou nada tem a dar.
Os que se incomodam com isso acabam usando os conhecimentos que
adquiriram de outras religiões como o catolicismo ou o do Kardecismo
para terem algum discurso religioso. Esse discurso passa então a ter
nenhuma relação ou vinculo com o próprio cndomblé. Além disso a
pratica mágica indiscriminada e sem ética e moral e que visa o seu
ganho financeiro próprio acaba retirando dele todo o sentido de ética
e moral que qualquer religião deve ter. Como essa pessoa vai pregar,
ensinar ou cobrar algo de seus seguidores se a sua pratica diária esta
envolvida em fins que são completamente não éticos, e as vezes, até imorais??
Mas muitos podem se levantar contra essas palavras e dizer que nem
todos são assim, simples feiticeiros e que sua pratica mágica e
litúrgica tem sim uma base ética. OK, como em tudo existe exceção
vamos aceitar que de existem esses grupos, mas, mesmo para esse grupo
as afirmações principais se sustentam: a falta de orientação da base
religiosa, a valorização da prática mágica e litúrgica.
Mas deixemos de lado um pouco essa questão que é farta de assunto e
exemplos, e na minha visão indefensável para voltarmos para o
praticante individual.
A vida religiosa de um praticante é então dominada pela ritualística e
submissão hierárquica com pouco ou nenhuma orientação religiosa. Sua
dedicação é dominada pela participação em obrigações próprias, de
outros ou coletivas onde o seu papel varia de nenhum a algum. Toda a
iniciativa ritual em um terreiro é dominada por poucos, um ou dois na
maior parte das vezes cabendo aos demais o papel de figuração ou coro.
A rotina religiosa é repleta de festejos que criam assim um
direcionamento estético e vaidosa para a presença da pessoa uma vez
que não tendo ela um papel ou não consumindo o seu tempo com reflexões
religiosas essa pessoa passa a dedicar o seu tempo ao culto do seu Ego
e da sua vaidade no que faz. A vaidade é o que domina o Candomblé hoje.
A troca de favores
Chegamos por fim a talvez uma das questões mais primárias disso tudo
que é o contínuo processo de troca entre o Orun[céu] e o Aiye[terra]. A vida do
praticante dessa religião é dominada pelo sentido de que trocas
contínuas de bens entre o Orun e o Aiye são destinadas a resolver
todos os seus problemas materiais. O supermercado religioso é a
tônica da compreensão que se estabelece. Assim, baseado no fato de que
a pessoa é dedicada ao seu orixá, que vai no seu terreiro para varrer
o chão e passar roupa, ela entende que é merecedora de favores do
plano divino. Assim oferendas e ebós são os elementos de troca que
buscam dar coisas para que a pessoa receba em troca favores, que vão
resolver o seu problema, trazer benefícios e criar atalhos para a sua
vida.
A questão do comportamento, do mérito e base para se poder se alcançar
algo de fato ficam sempre para segundo (ou nenhum) plano. Entende-se
que o processo mágico das oferendas ou de obrigações é o mais do que
necessário para se obter o que precisa. Entendesse que uma pessoa que
faça seu santo vai ter que receber em troca emprego, dinheiro e uma
vida melhor. Se isso não foi alcançado é porque o sacerdote que
procurou é ruim, seu santo foi mal feito,foi feito de santo errado, é de outra marca de orixá e etc...
O merecimento é sempre lembrado como motivo para justificar o não
benefício, geralmente por quem o fez, mas nunca lembrado quando o
contrário ocorre, o benefício é atingido. A medida de atingimento de
benefícios e prosperidade é a que justifica a permanência de alguém em
uma casa.
Na minha visão a base da religião nesse sistema de troca entre o Orun
e o Aiye são uma das principais causas de problemas que se tem. As
pessoas que se envolvem em religiões como o Candomblé e a Umbanda não
podem viver com essa perspectiva. Uma religião não pode se focar ou
incentivar esse comportamento porque jamais vai se encontrar.
Mais ainda, a falta de estrutura religiosa que permita a frequencia e
participação de pessoas não feitas em terreiros versus a contínua
pressão para que todos sejam feitos é uma questão fundamental. Essa
não será uma religião se não criar categoria de envolvimento e
iniciação. Quando os terreiros tiverem que conviver harmoniosamente
com pessoas que não querem ou que jamais farão o seu santo[ex : parentes carnais,clientes e amigos particulares] eles
conseguiram enfim achar um caminho religioso para sua existência.
Hoje essa convivência é um estágio intermediário no qual a pessoa é
continuamente empurrada ou incentivada a trocar de status de cliente
para iyawo.
A manutenção de terreiros através de clientelismo religioso é mais um
outro mal. Esse processo de troca entre Orun e aiye deve acabar e isto
ser um bem intrínseco da religião e não explícito. O aspecto da troca
esta presente em todas as religiões em maior ou menor grau. Você
dedica tempo, fé e recursos e espera do Orun, do sagrado, um retorno
para a sua vida. Isso é natural, mas, algumas religiões moldarem isso
com sabedoria, como a católica outras transformaram isso na sua
bandeira como os evangélicos, mas que junto com a promessa de
benefícios traz uma enorme dose de doutrina, dogma, moral e ética.
A perspectiva materialista
Na umbanda e Candomblé isso fica quase apenas na perspectiva
materialista. O principal exemplo desse paradigma é a Umbanda. Como já
expliquei aqui antes a Umbanda por si só não se caracteriza nenhuma
religião. È um processo de possessão voltado em princípio para ajudar
outras pessoas mas que deve se basear em alguma doutrina religiosa,
qualquer uma porque a pratica da Umbanda exige mediunidade e não uma
crença religiosa específica, e o candomblé não é de medium e sim de iniciados. Assim existem muitas umbandas, cada uma
com uma combinação e entre comum apenas a incorporação com espíritos,diferenciando do orixá do candomblé.
Os médiuns e principalmente os frequentadores se fixam sempre na
solução de problemas da vida e materiais. A frequencia é determinada
por isso e todos os que ali estão querem resolver algo novo toda
semana. "Macumba boa é aquela que funciona". As respostas a pergunta
chave geralmente se traduzem em algo do tipo que a pessoa esta ali
para elevação espiritual, mas essa resposta não sobrevive a uma
segunda pergunta do tipo o que significa para ela essa elevação
espiritual, como aquilo se traduzira na vida dela?
Esse problema não é exclusivamente do Candomblé. Esta muito presente
também nos neo-pentecostais, contudo, apesar do muito excessos eles
conseguem algum equilíbrio entre a realização espiritual e o
sentimento de realização material. Tanto que as pessoa migram do
Candomblé e Umbanda para eles.
Existe um tipo de pessoa e uma determinada faixa da população que
coloca claramente essa questão material na frente da sua religião.
Elas na realidade vão estar sempre buscando alguém que resolva os seus
problemas e serão uma população migratória entre doutrinas e casas na
busca de solução.
O circulo virtuoso
Eu poderia traduzir assim o circulo virtuoso. Uma pessoa que se dedica
a essa religião deve encontrar base e orientação para através do
contato com esse divino, através de exemplos e através de orientação,
atingir um equilíbrio em sua vida na forma como a conduz e na forma
como dedica o seu tempo para objetivos de realização. Equilíbrio é a
principal palavra que traduz essa religião.
Uma pessoa religiosa é aquela que vive nesse mundo com a fé no divino.
Uma fé forte e presente que a faz saber que sua vida existência esta
sendo submetida e é controlada por uma força maior do que a dos
homens, por uma lei maior do que a dos homens. Assim essa pessoa vive
com a convicção de que não esta sozinha nesse mundo, o divino no orun
esta sempre a zelar por ele. Uma pesso de fé sabe que o mundo e as
coisas são controladas pelo divino e não pela mesquinharia dos homens.
Essa pessoa vai se transformar em uma pessoa melhor para consigo mesma
obtendo equilíbrio na forma como vive sua vida e se dedica a seus
objetivos com ética e carater. Os seu orixá e ori vão buscar não
somente ajudá-lo nesse equilíbrio como também ajudá-lo a enfrentar as
diversidades de sua vida, amenizando problemas, e tornando-o
transparente para seus inimigos. A própria conduta dessa pessoa,
equilibrada consigo mesmo vai evitar que ela cria inimigos para sí.
O seu ori vai protegê-lo dos ajogun, os males que estão nesse mundo e
que fogem ao nosso controle. A sua boa conduta vai permitir que
oportunidades de abram em sua vida, que ele as veja e que consiga se
aproveitar delas. Os caminhos dessa pessoa se abrem através do seu
mérito como pessoa e através da proteção do divino para aquelas coisas
que não forem plantadas por você mesmo.
Você como uma pessoa melhor vai ter condições de ajudar sua família e
trazer também para ela esse equilíbrio. Mais pessoas assim serão
beneficiadas por sua ação. O benefício para a família é um dos
principais objetivos que uma pessoa deve ter em sua vida, seja por
mantê-la unidada seja por vela prosperar.
Uma vez atingido esse estágio você tera condições de ajudar a
sociedade que o cerca, tendo assim conhecimento e experiência para
transmitir para outras pessoas, ajudando a transformar e melhorar o
mundo em que vive.
Uma pessoa religiosa deve ter uma pratica diária dessa religiosidade.
A oração é o elemento de ligação entre o aiye e o orun. As palavras
empregadas e sua repetição é o que o fazem. Uma pessoa deve de Fé deve
estar ligada ao Orun e deve ter em sua vida a pratica da oração.
Além disso a pessoa que vive com Fé deve se lembrar desse divino ao
longo do seu dia. Seja quando tem uma dificuldade seja quando algo de
bom ocorre com ele porque o mesmo ouvido que serve para ouvir pedidos
de proteção e ajuda também server para ouvir agradecimento.
Uma pessoa de Fé deve ter uma pratica religiosa diária e semanal para
si que não dependa do sei terreiro para que ela busque através dessa
ligação com o Orun o equilíbrio e o Iwa pele que vão trazer tudo de
bom para a sua vida.
Uma pessoa de Fé deve saber como se dirigir a seu Orixá e Ori e como
receber deles as mensagens que precisa para poder viver melhor nesse mundo e obter sabedoria!
Acrescentando minha opinião sobre fé e dedicação diária....
O que noto e sempre notei nos Candomblés, foi a falta de informações que constroem a fé ou que a fortalecem. Vi muitas pessoas, que entram para a religião por vários motivos mas não aprendem o básico do básico e por consequência não entendem muito bem o que estão fazendo ali,apenas sabem que aquele lugar faz bem a ela, ou ela tem alguma coisa a fazer ali.
O mal está na falta de conhecimento, de entendimento dos porques (não os porques ligados a fundamentos) mas sim os porques que orientam o entendimento de uma criatura, que geralmente vem de formação cristã e isso gera durante algum tempo conflitos internos justamente porque ela vem já com uma carga de "entendimento e conduta" das religiões cristãs, que se chocam com o Candomblé, o sacrifício é uma delas, e nada lhes é explicado, apenas se sabe que no Candomblé se vc soma A+B +C vai chegar a X. Não é explicado que para esse resultado vir e mudar sua vida existe toda uma mudança interna que essa pessoa deverá fazer ou seja, melhorar seu caráter, deixar de fazer certas coisas que agridem seu Ori, etc....O próprio entendimento de Ori e de toda uma conduta diária não lhes é explicado, e aí vem o erro da maioria dos Sacerdotes do Candomblé, não explicam ou porque eles mesmos não param para pensar e "não sabem o significado" , só sabem "fazer assim porque aprendeu assim", muitos aprendem a fórmula mas não a estudaram, não sabem os porques e portanto não podem passar o que não sabem a seus seguidores.
Uma pessoa que faz um ritual mas não sabe o porque o fez, nem que ela mesma tem regras e preceitos diários a seguir até se obter um resultado, até que o Orun[CÉU] atenda a um pedido de Aye[TERRA], nunca vai chegar a amar realmente sua religião nem ter respeito por ela, pois não imagina que temos todo um código de conduta, e a função de nossa religião , a principal é a mesma das outras:
melhorar o ser humano, fazer dele mais "humano", respeitar o direito do próximo, se preocupar com o espiritual, com sua essência e não agredí-la, para que seu destino seja bom....
Enfim, o que acho é que enquanto os Sacerdotes não se preocuparem em ter explicações desse gênero e passá-las a seus seguidores, enquanto eles não forem exemplo de conduta e caráter a seus seguidores, enquanto eles deixarem passar que somos uma religião que une o sagrado, o divino à mais baixa feitiçaria e amarrações amorosas, os novos continuarão perdidos entre a pergunta..." Será que eu estou servindo a Deus ou ao Diabo?" ou
"O que essa religião está fazendo de mim, uma pessoa pior ou melhor do que eu sou"? Porque as pessoas hoje em dia se questionam , mas a maioria não tem a explicação para sentir que estão numa religião como outra qualquer, apenas mais antiga e porisso com ritos que podem as vezes serem mal interpretados e confundirem a cabeça do leigo.
Portanto o que penso realmente é que somos atacados, e somos realmente, em muito se deve a propria conduta de certos sacerdotes da nossa religião, que não são exemplo a seus seguidores, que não se dão ao respeito e com isso denigrem a religião dentro de suas próprias casas de candomblé, muitos que são da lei "faça o que eu mando, mas não o que faço", enquanto a quantidade de "iniciados" valer mais que a "qualidade", e enquanto as pessoas que estão entrando para a religião ficarem sabendo seu Orixá inclusive qualidade e acompanhamento, já entram para se iniciar sabendo da receita que será usada e do que vai passar lá dentro, mas sem a mínima noção que depois dessa feitura terá que mudar sua vida, e adotar uma outra como ser sagrado, como renascido... .uma nova criatura ensinada em todas as outras religiões para todos os iniciados!
Enquanto os Sacerdotes não adotarem um código de ética e conduta para serem realmente "respeitados" como sacerdotes.. .a situação continuará a mesma.
O orum
Gostaria de trazer um
tema bastante atual e que reflete minhas ideias e pensamentos a
respeito. Isso é longe de ser definitivo ou completo mas pelo menos
aborda um aspecto dessa questão.
Lamento o tamanho da postagem mas, é sempre assim quando o assunto é polêmico...
A questão das trocas entre o órun[ceú] e o aiye [terra].
Existe uma questão que sempre me perseguiu e talvez aconteça o mesmo
com outras pessoas que estejam preocupadas com a religiosidade em si
que deve estar presente nas pessoas que praticam uma religião, e essa
questão é a capacidade que deve ter o crente de qualquer religião em
poder responder a uma pergunta muito simples, talvez a coisa mais
elementar que é: O que ele faz dentro da religião? Qual a finalidade
dele na religião? O que a religião traz para sua vida? Como a religião
se incorpora na sua rotina diária?
Parece um coisa simples de ser respondida por uma pessoa que se diz
sacerdote, seguidor ou crente de uma religião, principalmente para
uma pessoa que não faça parte desta mesma religião. Não se trata de
proselitismo, mas, um crente tem que ter a capacidade de motivar ou de
explicar as suas motivações para um não crente, dessa forma não é para
convencer o outro a adotar a sua religião, mas, conseguir explicar a razão da tua fé e
seus motivos nessa religião.
É claro que vou apresentar aqui a minha versão para isso e que é esta
a questão de fundo do que estou escrevendo, mas, antes disso gostaria
de explorar um pouco mais esse drama. Sim, o drama, que se transforma
essa questão. Eu penso que é muito normal uma pessoa que esta dentro
de uma religião ter a capacidade de se expressar sobre os motivos que
a levam a estar lá e que benefícios a religião traz a sua vida de uma
maneira que não só a pessoa pode explicar sua opção como também
convencer outras desse caminho.
Mas, o que eu observo é que, quando estamos lidando com o Candomblé e
com a Umbanda isso se torna, sem exagero, um transtorno mental.
Deixando de lado a boa vontade e simpatia e se concentrando na
argumentação em sí, eu, até hoje, ouvi muito poucas, raríssimas,
pessoas, que podiam se explicar sem caírem em lugares comuns, frases
decoradas que não convenciam nem elas mesmas do que estavam fazendo.
Por exemplo, no caso do Candomblé qualquer resposta depois de alguns
segundos de silêncio e aquele olhar profundo e perdido.... resulta em
umas frases como: Eu amo meu orixá ou meu orixá é tudo para mim, O
orixá é quem me dá caminho, etc... Nada de errado com essa
manifestação de fé e carinho muito apropriadas a uma religião
iniciática onde o orixá deve desempenhar um papel muito exemplar no
imaginário do seguidor, mas, de forma nenhuma serviriam para explicar
a alguém o motivo daquilo tudo ou convencer a sim mesmo do que esta
fazendo e o porque de tantos preceitos e sacrificios.
No caso da Umbanda o mais comum é a velha definição de que ela esta
ali para ter uma evolução espiritual, mas, prosseguindo com mais
perguntas sobre o mesmo tema, não se consegue que a pessoa defina com
clareza o que é esta evolução espiritual para ela. Responder a
primeira pergunta sobre um assunto exige um pouco de conhecimento,
funcionando até mesmo uma embromação, mas responder 3 ou 4 perguntas
sucessivas sobre o mesmo assunto aprofundando a resposta exige saber
de fato o que se esta falando. Assim me transtorna um pouco ver tanta
fé nas pessoas, se dedicando dias e noites a uma religião sem que se
pudesse perceber se elas sabiam o que as mantêm ali.
Vocês podem estar imaginando: e daí? Qual a significância em se saber
definir isso em palavras se o que importa é o que está no coração?
Claro, essa é uma boa fuga para essa questão, mas, se fosse assim
mesmo, só uma questão de se expressar oralmente, eu tenho certeza que
a gente não veria tanta gente deixando o Candomblé e a Umbanda para se
transformarem em Evangélicos, deixando anos de dedicação para trás,
sem significado nenhum e acreditando de fato que na Igreja conseguiu
se encontrar com Deus. Como já ouvi e li de vários. Sério, não estou
exagerando. Não estava buscando definições acadêmicas ou formais,
estava buscando apenas uma explicação que me convencesse de fato.
E mais, conversei com várias pessoas para entender como era a vida
religiosa dela depois da sua iniciação ou mesmo para aquelas não
iniciadas e que apenas frequentavam o terreiro. Para meu espanto, fora
a presença em obrigações, aquilo era sempre um grande vazio interno....fiquei assustadíssima!
Vejam, estar presente em obrigações ou no seu terreiro fazendo tarefas
domésticas não significa necessariamente que se esta tendo um vida
religiosa. Existe muitos religiosos que vivem enclausulados em igrejas
e conventos mas o trabalho doméstico é apenas uma necessidade em
relação vida em comunidade, elas dedicam muito do seu tempo a
religiosidade pessoal ou coletiva.
Mas o que eu esperava obter? Como já disse resposta simples, sinceras
e refletissem o envolvimento da alma daquela pessoa com a religião que
ela adotou, que fosse uma coisa tão simples e natural e ao mesmo tempo
calorosa que desse a quem ouvia a vontade de também participar daquela
vida.
Mas porque essa decepção?
A falta de orientação religiosa é assustadora.
Olha muito motivos existem. O primeiro deles sem dúvida é a falta de
formação e orientação religiosa dos ditos sacerdotes de Candomblé.
Eles abrem a boca para se auto nomearem sacerdotes de uma religião sem
ao menos terem uma conduta consistente que justique o emprego desses
termos, seja o de sacerdote seja o de religião.
Além disso o Candomblé esta hoje muito mais para uma religião magica
ou pratica mágica do que religiosa. Como religião a prioridade são os
ritos de liturgias e esse tema domina a formação e a preocupação das
pessoas. Só o rito importa, só a forma e fazer melhor do que outro e
saber mais ritos e segredos liturgicos transforma aquele
pseudo-sacerdote em alguém melhor. O dia a dia é dominado pela pratica
da magia para a obtenção de favores, para a correção de erros sem um
questionamento do mérito de quem pede ou da moral do que é feito.
Esse assunto, o da pratica mágica a ética ( na maior parte das vezes) e
da ritualística é o que domina qualquer conversa envolvendo os
praticantes e sacerdotes. Uma visita ao "dial" do rádio deixa isso bem
claro. Encontramos programas católicos, poucos, evangélicos, muitos,
e os de Candomblé. Enquanto nos primeiros existe uma preocupação com a
pregação da palavra de Deus, do verbo, para os últimos é apenas uma
hora de comércio e relacionamento.
Desta maneira a religião que existe e na qual se baseia o Candomblé se
perde e é esquecida. Os conceitos religioso, a teodócia a teogonia ou
mesmo a coisa mais simples, que é como eu iniciei qual o sentido para
isso na vida das pessoas, são apenas fragmentos não ligados que são
ditos com brevidade mais no sentido de mostrar que existe um
fundamento maior por trás de tudo, a religião de fato, mas que
raramente é explicado, servindo mais como isca ou como elemento para
despertar curiosidade e respeito. As pessoas entram na busca desse
conhecimento que nunca vem.
A grande responsabilidade por isso é a própria formação dos referidos
sacerdotes, completamente voltada para o rito e o ganho pessoal
através da pratica da religião. A preocupação por criar essa
orientação religiosa de fato não existe e como a gente sempre diz, que
só se pode dar aquilo que recebe, eles pouco ou nada tem a dar.
Os que se incomodam com isso acabam usando os conhecimentos que
adquiriram de outras religiões como o catolicismo ou o do Kardecismo
para terem algum discurso religioso. Esse discurso passa então a ter
nenhuma relação ou vinculo com o próprio cndomblé. Além disso a
pratica mágica indiscriminada e sem ética e moral e que visa o seu
ganho financeiro próprio acaba retirando dele todo o sentido de ética
e moral que qualquer religião deve ter. Como essa pessoa vai pregar,
ensinar ou cobrar algo de seus seguidores se a sua pratica diária esta
envolvida em fins que são completamente não éticos, e as vezes, até imorais??
Mas muitos podem se levantar contra essas palavras e dizer que nem
todos são assim, simples feiticeiros e que sua pratica mágica e
litúrgica tem sim uma base ética. OK, como em tudo existe exceção
vamos aceitar que de existem esses grupos, mas, mesmo para esse grupo
as afirmações principais se sustentam: a falta de orientação da base
religiosa, a valorização da prática mágica e litúrgica.
Mas deixemos de lado um pouco essa questão que é farta de assunto e
exemplos, e na minha visão indefensável para voltarmos para o
praticante individual.
A vida religiosa de um praticante é então dominada pela ritualística e
submissão hierárquica com pouco ou nenhuma orientação religiosa. Sua
dedicação é dominada pela participação em obrigações próprias, de
outros ou coletivas onde o seu papel varia de nenhum a algum. Toda a
iniciativa ritual em um terreiro é dominada por poucos, um ou dois na
maior parte das vezes cabendo aos demais o papel de figuração ou coro.
A rotina religiosa é repleta de festejos que criam assim um
direcionamento estético e vaidosa para a presença da pessoa uma vez
que não tendo ela um papel ou não consumindo o seu tempo com reflexões
religiosas essa pessoa passa a dedicar o seu tempo ao culto do seu Ego
e da sua vaidade no que faz. A vaidade é o que domina o Candomblé hoje.
A troca de favores
Chegamos por fim a talvez uma das questões mais primárias disso tudo
que é o contínuo processo de troca entre o Orun[céu] e o Aiye[terra]. A vida do
praticante dessa religião é dominada pelo sentido de que trocas
contínuas de bens entre o Orun e o Aiye são destinadas a resolver
todos os seus problemas materiais. O supermercado religioso é a
tônica da compreensão que se estabelece. Assim, baseado no fato de que
a pessoa é dedicada ao seu orixá, que vai no seu terreiro para varrer
o chão e passar roupa, ela entende que é merecedora de favores do
plano divino. Assim oferendas e ebós são os elementos de troca que
buscam dar coisas para que a pessoa receba em troca favores, que vão
resolver o seu problema, trazer benefícios e criar atalhos para a sua
vida.
A questão do comportamento, do mérito e base para se poder se alcançar
algo de fato ficam sempre para segundo (ou nenhum) plano. Entende-se
que o processo mágico das oferendas ou de obrigações é o mais do que
necessário para se obter o que precisa. Entendesse que uma pessoa que
faça seu santo vai ter que receber em troca emprego, dinheiro e uma
vida melhor. Se isso não foi alcançado é porque o sacerdote que
procurou é ruim, seu santo foi mal feito,foi feito de santo errado, é de outra marca de orixá e etc...
O merecimento é sempre lembrado como motivo para justificar o não
benefício, geralmente por quem o fez, mas nunca lembrado quando o
contrário ocorre, o benefício é atingido. A medida de atingimento de
benefícios e prosperidade é a que justifica a permanência de alguém em
uma casa.
Na minha visão a base da religião nesse sistema de troca entre o Orun
e o Aiye são uma das principais causas de problemas que se tem. As
pessoas que se envolvem em religiões como o Candomblé e a Umbanda não
podem viver com essa perspectiva. Uma religião não pode se focar ou
incentivar esse comportamento porque jamais vai se encontrar.
Mais ainda, a falta de estrutura religiosa que permita a frequencia e
participação de pessoas não feitas em terreiros versus a contínua
pressão para que todos sejam feitos é uma questão fundamental. Essa
não será uma religião se não criar categoria de envolvimento e
iniciação. Quando os terreiros tiverem que conviver harmoniosamente
com pessoas que não querem ou que jamais farão o seu santo[ex : parentes carnais,clientes e amigos particulares] eles
conseguiram enfim achar um caminho religioso para sua existência.
Hoje essa convivência é um estágio intermediário no qual a pessoa é
continuamente empurrada ou incentivada a trocar de status de cliente
para iyawo.
A manutenção de terreiros através de clientelismo religioso é mais um
outro mal. Esse processo de troca entre Orun e aiye deve acabar e isto
ser um bem intrínseco da religião e não explícito. O aspecto da troca
esta presente em todas as religiões em maior ou menor grau. Você
dedica tempo, fé e recursos e espera do Orun, do sagrado, um retorno
para a sua vida. Isso é natural, mas, algumas religiões moldarem isso
com sabedoria, como a católica outras transformaram isso na sua
bandeira como os evangélicos, mas que junto com a promessa de
benefícios traz uma enorme dose de doutrina, dogma, moral e ética.
A perspectiva materialista
Na umbanda e Candomblé isso fica quase apenas na perspectiva
materialista. O principal exemplo desse paradigma é a Umbanda. Como já
expliquei aqui antes a Umbanda por si só não se caracteriza nenhuma
religião. È um processo de possessão voltado em princípio para ajudar
outras pessoas mas que deve se basear em alguma doutrina religiosa,
qualquer uma porque a pratica da Umbanda exige mediunidade e não uma
crença religiosa específica, e o candomblé não é de medium e sim de iniciados. Assim existem muitas umbandas, cada uma
com uma combinação e entre comum apenas a incorporação com espíritos,diferenciando do orixá do candomblé.
Os médiuns e principalmente os frequentadores se fixam sempre na
solução de problemas da vida e materiais. A frequencia é determinada
por isso e todos os que ali estão querem resolver algo novo toda
semana. "Macumba boa é aquela que funciona". As respostas a pergunta
chave geralmente se traduzem em algo do tipo que a pessoa esta ali
para elevação espiritual, mas essa resposta não sobrevive a uma
segunda pergunta do tipo o que significa para ela essa elevação
espiritual, como aquilo se traduzira na vida dela?
Esse problema não é exclusivamente do Candomblé. Esta muito presente
também nos neo-pentecostais, contudo, apesar do muito excessos eles
conseguem algum equilíbrio entre a realização espiritual e o
sentimento de realização material. Tanto que as pessoa migram do
Candomblé e Umbanda para eles.
Existe um tipo de pessoa e uma determinada faixa da população que
coloca claramente essa questão material na frente da sua religião.
Elas na realidade vão estar sempre buscando alguém que resolva os seus
problemas e serão uma população migratória entre doutrinas e casas na
busca de solução.
O circulo virtuoso
Eu poderia traduzir assim o circulo virtuoso. Uma pessoa que se dedica
a essa religião deve encontrar base e orientação para através do
contato com esse divino, através de exemplos e através de orientação,
atingir um equilíbrio em sua vida na forma como a conduz e na forma
como dedica o seu tempo para objetivos de realização. Equilíbrio é a
principal palavra que traduz essa religião.
Uma pessoa religiosa é aquela que vive nesse mundo com a fé no divino.
Uma fé forte e presente que a faz saber que sua vida existência esta
sendo submetida e é controlada por uma força maior do que a dos
homens, por uma lei maior do que a dos homens. Assim essa pessoa vive
com a convicção de que não esta sozinha nesse mundo, o divino no orun
esta sempre a zelar por ele. Uma pesso de fé sabe que o mundo e as
coisas são controladas pelo divino e não pela mesquinharia dos homens.
Essa pessoa vai se transformar em uma pessoa melhor para consigo mesma
obtendo equilíbrio na forma como vive sua vida e se dedica a seus
objetivos com ética e carater. Os seu orixá e ori vão buscar não
somente ajudá-lo nesse equilíbrio como também ajudá-lo a enfrentar as
diversidades de sua vida, amenizando problemas, e tornando-o
transparente para seus inimigos. A própria conduta dessa pessoa,
equilibrada consigo mesmo vai evitar que ela cria inimigos para sí.
O seu ori vai protegê-lo dos ajogun, os males que estão nesse mundo e
que fogem ao nosso controle. A sua boa conduta vai permitir que
oportunidades de abram em sua vida, que ele as veja e que consiga se
aproveitar delas. Os caminhos dessa pessoa se abrem através do seu
mérito como pessoa e através da proteção do divino para aquelas coisas
que não forem plantadas por você mesmo.
Você como uma pessoa melhor vai ter condições de ajudar sua família e
trazer também para ela esse equilíbrio. Mais pessoas assim serão
beneficiadas por sua ação. O benefício para a família é um dos
principais objetivos que uma pessoa deve ter em sua vida, seja por
mantê-la unidada seja por vela prosperar.
Uma vez atingido esse estágio você tera condições de ajudar a
sociedade que o cerca, tendo assim conhecimento e experiência para
transmitir para outras pessoas, ajudando a transformar e melhorar o
mundo em que vive.
Uma pessoa religiosa deve ter uma pratica diária dessa religiosidade.
A oração é o elemento de ligação entre o aiye e o orun. As palavras
empregadas e sua repetição é o que o fazem. Uma pessoa deve de Fé deve
estar ligada ao Orun e deve ter em sua vida a pratica da oração.
Além disso a pessoa que vive com Fé deve se lembrar desse divino ao
longo do seu dia. Seja quando tem uma dificuldade seja quando algo de
bom ocorre com ele porque o mesmo ouvido que serve para ouvir pedidos
de proteção e ajuda também server para ouvir agradecimento.
Uma pessoa de Fé deve ter uma pratica religiosa diária e semanal para
si que não dependa do sei terreiro para que ela busque através dessa
ligação com o Orun o equilíbrio e o Iwa pele que vão trazer tudo de
bom para a sua vida.
Uma pessoa de Fé deve saber como se dirigir a seu Orixá e Ori e como
receber deles as mensagens que precisa para poder viver melhor nesse mundo e obter sabedoria!
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