terça-feira, 6 de dezembro de 2011
.... DE MÃE PARA FILHA.....HERANÇA ESPIRITUAL.....
A disputa pelo Engenho Velho até chegar no Gantois....
Iyá Nassô uma das fundadoras do Ilè Asé Airá Intilè também chamado de Candomblé da Barroquinha, localizado no bairro da Barroquinha, depois Ilé Iya Nassô Oká, foi sucedida por Iyá Marcelina. Após a morte desta, duas das suas filhas, Maria Júlia da Conceição e Maria Júlia Figueiredo, disputaram a chefia do candomblé, cabendo à Maria Júlia Figueiredo que era a substituta legal (Iyá Kekeré) tomar a posse de Iyálorixá do Terreiro. Maria Júlia da Conceição afastou-se com as demais discidentes e fundaram o (Terreiro do Gantois).
Sucessora de Maria Júlia da Conceição Nazaré, como não teve filhos, o cargo foi transmitido em 1918 para sua sobrinha, Maria da Glória Nazareth a mãe carnal de Mãe Menininha do Gantois.
Sua mãe, Maria Júlia, moradora da antiga rua da Assembleia, no atual Centro Histórico de Salvador, pertencia ao Candomblé da Barroquinha (depois transferido para o Engenho Velho com o nome de Ilé Iya Nassô Oká) e, tendo sido preterida na sucessão da casa, resolvera fundar sua própria, onde hoje fica a Federação, em terreno alugado por seu pai, Francisco. Era o terreiro do Gantois - nome derivado da família belga de traficantes de escravos que era dona do local[2].
Pulchéria assumiu o Gantois no ano de 1910[3], ampliando os trabalhos iniciados pela mãe. Frequentava o Gantois, neste período, o célebre médico Nina Rodrigues, vindo posteriormente a se tornar ogã[2]. Além dele, Pulchéria conseguiu ampliar os trabalhos e dar grande notoriedade ao Gantois, tendo mais tarde registrado o jornal O Estado da Bahia, depoimento de Severiano Manoel de Abreu (o Jubiabá do romance de Jorge Amado) que "Pulcheria, Nana e Nicácio tiveram as suas roças frequentadas por destacadas figuras sociais da cidade, políticos eminentes, secretários de governos passados, etc., durante os dias de festa, rodeando as camarinhas onde as filhas de “Xangô”, “Oxalá” e “Oxóssi” faziam o seu noviciado com filhas de santo, trajando de branco e de cabeça rapada"[4]
Segundo ainda o mesmo jornal, no Gantois o "terreiro da Pulchéria" continuou, mesmo após sua morte, a ter este nome como reconhecimento junto ao grande público. Assim foi que, a 26 de maio de 1937, publicou O Estado da Bahia, a seguinte nota:
Um novo “terreiro” no Gantois
Será lançada manhã, às cinco horas da tarde, a pedra fundamental do novo “terreiro” do Gantois, ampliando a construção antiga.
Fará essa festa, os “Ogãs” e as pessoas gradas do candomblé estão convidando todos os seus amigos.
Depois dessa cerimônia, começará a festa no velho “terreiro” da Pulcheria, pela noite a dentro.
Nasceu em 10 de fevereiro de 1894, dia de Santa Escolástica, na Rua da Assembléia, entre a Rua do Tira Chapéu e a Rua da Ajuda, no Centro Histórico de Salvador, Mãe Menininha teve como pais Joaquim e Maria da Glória.
Foi a quarta Iyálorixá do Terreiro do Gantois e a mais famosa de todas as Iyálorixá brasileiras. Sucessora de sua mãe, Maria da Glória Nazareth, foi sucedida por sua filha, Mãe Cleusa Millet.
Descendente de escravos africanos, ainda criança foi escolhida para ser Iyálorixá do terreiro Ilê Iyá Omi Axé Iyamassê, fundado em 1849 por sua bisavó, Maria Júlia da Conceição Nazaré, cujos pais eram originários de Agbeokuta, sudoeste da Nigéria.
O terreiro, que inicialmente funcionava na Barroquinha, na zona central de Salvador, foi posteriormente, foi transferido para o bairro da Federação, instalando-se em terreno arrendado aos Gantois - família de traficantes de escravos e proprietários de terras de origem belga - pelo cônjuge de Maria Júlia, o negro alforriado Francisco Nazareth de Eta.[1] Situado num lugar alto e cercado por um bosque, o local de difícil acesso era bem conveniente numa época em que o candomblé era perseguido pelas forças da ordem. Geralmente, os rituais terminavam subitamente com a chegada da polícia.[2]
Maria Escolástica foi apelidada Menininha, talvez por seu aspecto franzino. “Não sei quem pôs em mim o nome de Menininha… Minha infância não tem muito o que contar… Agora, dançava o candomblé com todos desde os seis anos”.
Foi iniciada no culto dos orixás de Keto aos 8 anos de idade por sua tia-avó e madrinha de batismo, Pulchéria Maria da Conceição (Mãe Pulchéria), chamada Kekerê - em referência à sua posição hierárquica, Iyá kekerê (Mãe pequena). Menininha seria sua sucessora na função de Iyalorixá do Gantois. Com a morte repentina de Mãe Pulchéria, em 1918, o processo de sucessão foi acelerado. Por um curto período, enquanto a jovem se preparava para assumir o cargo, sua mãe biológica, Maria da Glória Nazareth, permaneceu à frente do Gantois.
"Minha avó, minha tia e os chefes da casa diziam que eu tinha que servir. Eu não podia dizer que não, mas tinha um medo horroroso da missão (...): passar a vida inteira inteira ouvindo relatos de aflições e ter que ficar calada, guardar tudo para mim, procurar a meditação dos encantados para acabar com o sofrimento." [3]
Em 1922, através do jogo de búzios, os orixás Oxóssi, Xangô, Oxum e Obaluaiyê confirmaram a escolha de Menininha, então com 28 anos. Em 18 de fevereiro daquele ano, ela assume definitivamente o terreiro. "Quando os orixás me escolheram eu não recusei, mas balancei muito para aceitar", contava.
A partir da década de 1930, a perseguição ao candomblé vai arrefecendo, mas uma Lei de Jogos e Costumes, condicionava a realização de rituais à autorização policial, além de limitar o horário de término dos cultos às 22 horas. Mãe Menininha foi uma das principais articuladoras do término das restrições e proibições. "Isso é uma tradição ancestral, doutor", ponderava a ialorixá diante do chefe da Delegacia de Jogos e Costumes. "Venha dar uma olhadinha o senhor também."
Mãe Menininha abriu as portas do Gantois aos brancos e católicos - uma abertura que, em muitos terreiros, ainda é vista com certo estranhamento. Mas afinal, a Lei de Jogos e Costumes foi extinta em meados dos anos 1970. "Como um bispo progressista na Igreja Católica, Menininha modernizou o candomblé sem permitir que ele se transformasse num espetáculo para turistas", analisa o professor Cid Teixeira, da Universidade Federal da Bahia.
Nunca deixou de assistir à missa e até convenceu os bispos da Bahia a permitir a entrada nas igrejas de mulheres, inclusive ela, vestidas com as roupas tradicionais do candomblé.[4]
Aos 29 anos, Menininha casou-se com o advogado Álvaro MacDowell de Oliveira, descendente de escoceses. Com ele teve duas filhas, Cleusa e Carmem. “Meu marido, quando me conheceu, sabia que eu era do candomblé… A gente viveu em paz porque ele passou a gostar de Candomblé. Mas, quando fui feita Iyalorixá, passamos a morar separados. No meu terreiro, eu e minhas filhas. Marido não. Elas nasceram aqui mesmo”. [5]
Em uma entrevista à revista IstoÉ, mãe Carmem conta que ela adorava assistir telenovelas, sendo que uma de suas preferidas teria sido Selva de Pedra.[6] Era colecionadora de peças de porcelana, louça e de cristais, que guardava muito zelo. Não bebia Coca-Cola, pois certa vez lhe disseram que a bebida servia para desentupir os ralos de pias, e ela temia que a ingestão da bebida fizesse efeito análogo em si.[6]
Mãe Menininha do Gantois faleceu de causas naturais, aos 92 anos de idade.
Cleusa da Conceição Nazaré de Oliveira, conhecida por Mãe Cleusa de Nanã (Salvador, ? — Salvador, 15 de outubro de 1997) foi a quinta Iyálorixá do Terreiro do Gantois. Foi sucedida por sua irmã Carmen de Oxalá.
Mãe Cleusa e Mãe Carmem eram filhas de Mãe Menininha do Gantois, e netas de Maria da Glória Nazareth a terceira Iyálorixá do mesmo Terreiro.
No Gantois, quem assume o lugar da mãe é a filha mais velha, essa é a tradição da casa. Segundo Julio Braga: "Historicamente, o Gantois é um candomblé familiar de tradição hereditária consanguínea, em que os regentes são sempre do sexo feminino".
Mãe Cleusa construiu toda uma vida longe do candomblé, mesmo tendo se iniciado na religião e ajudado a mãe a comandar o centro por um tempo, não queria ter esse compromisso religioso na sua vida. Casou-se aos 21 anos com um oficial milionário da Marinha de Guerra e com ele teve três filhos: Mônica, Zeno e Álvaro. Viajou por muitos países, conhecendo o luxo e a riqueza. Ao voltar para o Brasil, decidiu sair de Salvador e foi morar na Cidade do Rio de Janeiro, e lá passou a exercer sua profissão, já que estou muito durante a vida e passou no vestibular de Medicina na Universidade Federal da Bahia, e seu primeiro emprego foi na profissão em que se formou, obstetra.
Carmem da Conceição Nazaré de Oliveira, conhecida por Mãe Carmem do Gantois ou Mãe Carmem de Oxalá é a Iyalorixá do Candomblé, do Terreiro do Gantois, na cidade de Salvador, Bahia, Brasil.
É a filha mais nova de Mãe Menininha do Gantois e a irmã caçula de Mãe Cleusa Millet. Passou toda suia vida se dedicando aao candomblé com a mãe, já que a irmã não optou pelo caminho religioso, apesar de ter sido feita na religião. Carmem Foi iniciada no Candomblé para Oxalá, seu pai de cabeça, quando ainda era criança e desde então, não parou mais de se aprofundar nos estudos religiosos e fazer suas obrigações espirituais. Casou-se jovem e mesmo assim, continuou na religião e trouxe o marido para ela. Mesmo sua irmã não tendo se dedicado tanto a religião, ela só pôde tomar a frente do terreiro após a morte dela, Mãe Cleusa de Nanã, em 15 de Outubro de 1997 e aí sim assumiu o posto de Iyalorixá do Terreiro mais famoso do Brasil. Ela traz o segredo do Axé tendo ao seu lado suas duas filhas: Ângela de Oxum e Neli de Oxóssi.
pesquisa do Babalorisá Mauro De Oliveira Costa
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