domingo, 3 de outubro de 2010

...O AXÊXÊ......







Lá nos princípio dos tempos quando começou-se a ter essa prática no candomblé, só os grandes guerreiros das tribos tinha direito a essa cerimônia.



Ela se inicia ao morrer um ADÓSÙ do barracão, quande este solta seu último EMI (sopro dado por Deus ano nascer) e parte para o Orun.


Acreditamos que nesta hora o Orisà Obaluaê senta-se em seu peito até a hora deste ser devolvido a mãe terra (hora do sepultamento) assim sendo ele entrega a sua mãe NANA aquele espirito para que seja conduzido ao Orun. Baseado nesta crença é regulada a lei do candomblé que proibe que o APARAKÀ (defunto), corpo de um adòsú seja colocado numa gaveta ou cremado, à nós é privada esta reagalia.


Comecemos por etapas a falar desta cerimônia.


1) Fase preparatória :


Desde que o falecimento de uma adósù do “terreiro” é conhecido, procede-se a levantar um pequeno recinto provisório, coberto de folhas de palmeira , junto ao Ilé-ibo-akú .


A Iyálàse , secundada por outra sacerdotisa, procede ao levantamento ritual dos “assentos” individuais pertencentes à falecida assim como todos seus objetos sagrados e tudo é depositado no chão no recinto provisório, distante dos Ilé-orixá . As quartinhas que continham água são esvaziadas e emborcadas.


2) Axexé os cincos primeiros dias:


O ritual Axexé dura sete dias consecutivos. Durante os cincos primeiros dias as mesmas cerimônia se repete exatamente, segundo a seguinte seqüência:


a) Todos os membros do egbé , rigorosamente vestidos de branco, reúnem-se, no barracão, ao pôr-do-sol, para celebrar o Padê tal qual o descreveremos. No inicio, o espírito do morto é invocado junto com Exú e todas as entidades.


b) Terminado de cantar o Padê , o egbé coloca-se em volta da cuia vazia que ocupa o centro da sala, deixando sempre uma passagem de saída para o exterior. Neste momento, um dos sacerdotes, encarregados do ritual que se vai desenrolar no Ilé-akú e no recinto exterior onde foram depositados os “assentos” e os objetos da falecida, traz uma vela, coloca-a ao lado da cuia e ascende.


c) Todos os que estão presentes enrolam suas cabeças com torços brancos e cobrem cuidadosamente o corpo com um grande oja branco. No momento em que se ascende a vela, supõe-se que o espírito do morto se encontre na sala representado pela cuia. Um longo rito vai desenrola-se, começando pela Iyálorixa , seguida em ordem hierárquica por cada uma sacerdotisa de grau elevado e finalmente por um grupo de dois a dois das noviças. Cada uma saúda o exterior, a cuia os presentes e dança em volta da cuia colocando moedas que passam previamente por sua cabeça, delegando sua própria pessoa ao morto. Ao mesmo tempo despede-se do morto, com cantigas apropriadas.


A primeira cantiga entoada pela Iyálorixa é uma reverensa a todos os Axexé que, como dissemos, são os primeiros ancestrais da criação, o começo e a origem do universo, de uma linguagem, de uma linhagem, de uma família, de um “terreiro”. A venerável morta a Adosun que merece essa cerimônia e é seu objeto converter-se-á também num Axexé .


A Iyalase saúda:


Axexé , Axexé o!;

1. Axexé , mo juba ; Axexé , Axexé o!;
2. Axexé o ku Agbà o!; Axexé , Axexé o!;
3. Axexé , érù ku Àgbà o!; Axexé , Axexé o!



Tradução:
Axexé eu lhe apresento meus humildes respeitos oh!;
Axexé eu venero e saúdo os mais antigos,
Axexé a escrava saúda os mais antigos.


É o seguinte o texto da Segunda cantiga:


Bibi bibi lo bi wá ; Ode Arolé lo .


Tradução:
Nascimento do nascimento que nos trouxe Ode Arolé ( Òsôsi ) nos trouxe ao mundo.


Saudando particularmente Oxossi que, como já dissemos, é o ancestre mítico fundador dos “terreiros” Ketu e consequentemente , Axexé do filhos do “terreiro”.


Todos os presentes estão obrigados a despedir-se do morto e delegar-se nele por meio das moedas que colocam na cuia-emissario .


d) Quando todo os presentes protestaram suas homenagens e despediram-se do morto, formam uma roda e todo o egbé e os parentes do morto entoam, entre outras, a cantiga:


Ò tó ‘ rù egbé ma sokún omo ò tó ‘ rù egbé ma sokún omo égun ko gbe eyin o!
Ekikan ejare àgbà Orixá gbe ni másè ekikan esin enia niyi r' òrun



Tradução:
Ele alcançou o tempo (de converter-se) no érù egbé (o carrego que representa o egbé ). Não chore, filho. Oficiante do rito, não chore.
Alcançou o tempo (de converter-se) no carrego (no representante) do egbé .
Não chore, filho. Que Égun nos proteja a todos!
Proclamai o que é justo. Que Àgbà Orixá nos proteja a todos!
Proclamai (que) foi enterrado um dos seus, que foi para o òrun .
(isto quer dizer, falai alto, com justa razão, porque enterram alguém venerável que irá ao òrun ).



A roda se desfaz e cada um volta para seu lugar.


e) Algumas adósù trazem vasilhas com comidas especialmente preparadas para essa ocasião e as colocam ao lado da cuia. Junto também é colocado um obì .


f) Os sacerdotes vêm e levantam ritualmente a cuia cheia de moedas, apagam a vela e transportam tudo, também obì . e as comidas, para o recinto especial exterior, onde tudo é colocado junto aos objetos que pertenceram ao morto.


g) Os membros do egbé na sala, descobrem suas cabeças, enrolam o pano branco por de baixo dos braços e formam uma Segunda roda, saudando e homenageando os orixás. Acaba essa parte da cerimônia, eles se cobrem novamente e continuam a roda cantando uma última cantiga de adeus ao morto .


3) Axexé : sexto e sétimo dias:


O ritual do sexto e sétimo dias é o ponto culminante do ciclo. No crepúsculo canta-se o Padê e continua -se como nos dias precedentes até a fase.


Seguem-se os seguintes ritos:


a) Ao pé das comidas e do obì colocam-se, ao lado da cuia, os animais que vão ser oferecidos de acordo com o asé do morto.


b) Um sacerdote vem do exterior e põe no punho esquerdo de todos os assistentes pequenas tiras de màrìwò . É isso que os identifica como filhos do “terreiro” e os protege.


c) Os membros do egbé retomam seus lugares e esperam ser avisados do fim do rito que se desenrola do Ilé-ibo .


d) Nesse meio tempo, os sacerdotes preparam o chamado final do morto. Trazem tudo, “assentos”, objetos pertencentes ao morto, cuia, comidas e animais para o Ilé-ibo-akú . Traçam no solo de barro batido um pequeno círculo com areia e por cima, um círculo com cada uma das três cores símbolos. É um ojúbo provisório, em que se invoca o morto.


No meio dele, parte-se o obì e, com seus segmentos, consulta-se o oráculo sobre a destinação a ser dada a cada um dos objetos e “assentos” do morto. Se trata de uma sacerdotisa de grau elevado, às vezes acontece que o “assento” de seu orixá fique no “terreiro” para ser adorado, com a condição de que o morto, consultado, esteja de acordo.


Também pode querer deixar alguns objetos de uso pessoal, determinadas jóias ou emblema a um parente ou a uma irmã do “terreiro”. O resto, o que o morto não deixa para ninguém, em especial seu Bara , seu Ìpòrí , é posto em volta do pequeno círculo assim como as três vasilhas novas de barro, que descreveremos falando do “assento” dos Égun das adósù . Se o morto pertence à cúpula do “terreiro” ou possui méritos excepcionais, as três vasilhas são separadas para se proceder mais tarde a seu “assentamento” no Ilé-ibo-akú . Caso contrário, que é a maioria, as três vasilhas são colocadas junto aos que circundam o círculo-ojúbo .


O sacerdote do grau mais elevado invoca o morto três vezes, batendo no solo com um ìsan novo preparado com uma grossa tala de palmeira. Invoca-se para que venha apanhar seu carrego, para que leve e se separe para sempre do egbé e do “terreiro”.


Insiste-se e, na terceira invocação, o morto responde e simultaneamente tudo é destruído, quebrado com ìsan , rasgando-se vestimentas e colares. Os animais são imolados e colocados por cima dos restos destruídos, onde se coloca partes das moedas que se esparramaram ao quebrar a cuia, e os màrìwò que, retirados dos punhos irão juntos com os despojos do morto. Coloca-se por cima o punhado de terra, com a areia e as três substâncias cores recolhidas oportunamente.


Um grande carrego é preparado: é o erù e sacerdotes levarão a perigosa carga especificado pelo oráculo para que Exu e Eleru disponha dele.


e) Um sacerdote previne o egbé que, em silêncio, esperava na sala. Todos se levantam a saída do erù-ikù :


Gbe ‘rú le mã lo a fi bo
Tradução:
O carrego da casa está saindo cubram-nos.


f) Todos os participantes esperam em silêncio a volta dos sacerdotes que, ao seu regresso, irão, em primeiro lugar, prestar conta de sua missão aos ancestrais no Ilé-ibo-akú . Em seguida, virão à sala para comunicar o feliz término de sua missão.


O egbé forma uma roda, canta saudando os orixás, e dois cantos finais despedindo-se do morto.


Iku o! Iku o gbe lo o gbe , dide k' o jo eku o! òdigbõse o!
Oh! Morte, morte o levou consigo ele partiu, levantem-se e dancem, nós o saudamos! Adeus!


No entardecer do sétimo dia, canta-se o Padê de encerramento e, em seguida, procede-se ao sacudimento, isto é, a lavar, varrer e sacudir todos os Ilé e a sala, com ramos de folhas especiais.
O asé da adósù passou a integrar o do “terreiro”. Se a pessoa falecida é a Iyálàse , deverá proceder -se a “retirar” sua mão de todos os objetos, todos os borí , celebrada pela Iyálàse substituta. Durante esse rito, ela pousará a mão sobre o orí de cada um dos membros do egbé , transferindo-lhes seu próprio asé .


Se o grau da adósù falecida o permite, e se a resposta do oráculo o confirma, uma vez preparado o carrego, o ibo desta será preparado ritualmente com três vasilhas novas de barro.


Um àpéré especialmente aprontado com uma combinação de folhas apropriadas é colocado diretamente sobre a terra no Ilé-ibo no lugar em que será implantado o “assento” formado com três recipientes; coloca-se junto uma quartinha com água e tudo é recoberto com um pano branco.


Cumprindo um ano, uma oferenda especial será feita e a sacerdotisa falecida passará a fazer parte dos mortos e dos ancestrais venerados no Ilé-ibo-akú , Axexé protetores do “terreiro”.


Uma cantiga entoada na terra Yorùbá diz:


Ìyá mi, Axexé !; ba mi, Axexé !; Olórun un mi Axexé o o ! ki ntoo bò orixá à è.


Tradução:
Minha mãe é minha origem!; Meu pai é minha origem!; Olórun é minha origem!; Consequentemente, adorarei minhas origens antes de qualquer outro orixá.


E no “terreiro” invoca-se:


Gbogbo Axexé tinu ara.
Todos (o conjunto dos) Axexé no interior de nosso corpo...(do “terreiro”).


Sem Axexé , não há começo, não há existência. O Axexé é a origem e, ao tempo, o morto, a passagem da existência individual do àiyé à existência genérica do òrun . Não há nenhuma confusão entre a realidade do àiyé – o morto – e seu símbolo o seu doble no òrun - o Égun . Há um consenso social, uma aceitação coletiva que permite transferir, representar e simultânea do àiyé e do òrun , a vida e da morte.


O asé integrado pelos três princípios-símbolos e veiculado pelo princípio de vida individual manterá em atividade a engrenagem complexa do sistema e, através da ação ritual, propulsionará as transformações sucessivas e o eterno renascimento.


Axexê
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


Axexê, cerimônia realizada após o falecimento de alguém iniciado no candomblé . Quando um iniciado no candomblé morre, junta-se todos seus pertences pessoais utilizados em sacrifícios e obrigações, como roupas, colares e os assentamentos de santo e se faz uma consulta oracular para se saber do destino dos objetos separados, se ficam com alguém.


Em caso positivo, o objeto ou objetos em questão é lavado com ervas sagradas e entregue ao herdeiro ou herdeiros revelado(s) no oráculo, e em caso negativo, o objeto é separado para junto com os demais e, após serem os colares rompidos, as roupas rasgadas e os assentamentos quebrados, são colocados em uma trouxa que será entregue em um local também indicado pelo oráculo.


Normalmente, a trouxa, chamada de Carrego de Egum , é acompanhada de um animal sacrificado, indo de uma única ave à um quadrúpede acompanhado de várias aves, dependendo do grau iniciático do morto. E ainda, se o falecido era um iniciado de pouco tempo, basta um lençol branco para embalar o carrego, se se tratava de alguém mais graduado, o carrego é colocado em um grande balaio, o qual é depois embalado no lençol.


O processo de preparação e entrega, ou despacho do Carrego de Egum é a cerimônia fúnebre mínima que se dedica a qualquer iniciado no candomblé quando morre. As variações surgem, como foi já colocado, dependendo do grau iniciático ao qual pertencia o morto mas também da Nação em que fora iniciado. Se o morto era uma pessoa graduada na religião é que mereceria um Axexê .


O Axexê nesses casos antecede ao Carrego de Egum e consiste em uma, três ou seis noites de cânticos e danças na qual se celebra a partida do iniciado para o outro mundo , rememorando o nome de outros iniciados já falecidos e, enfim, os eguns em geral. Canta-se também a certa altura para os orixás, menos para Xangô e Oxalá para os quais se canta no depois da entrega do carrego no ritual do arremate .


Todos os participantes devem vestir branco, a cor do nascimento e da morte no candomblé, e devem estar com a cabeça e os ombros cobertos. Obedecem-se vários preceitos rígidos de comportamento dentro do terreiro durante todo o processo, para evitar melindrar o espírito que está sendo respitosamente despdido.


Depois do carrego despachado, canta-se o arremate no dia seguinte à tarde, antes do pôr-do-sol, as mesmas cantigas do Axexê são ainda entoadas e no final são louvados os orixás , e empreende-se uma limpeza ritual do terreiro, com a participação eventual dos orixás que porventura tenha se manifestado em seus médiuns.


Ao longo do Axexê mesmo somente orixás mais ligados à morte como Oyá - Iansã , Obaluaiyê , Ogum , etc. costumam se manifestar. No caso em que o morto era um pai ou mãe de santo cujo terreiro permaneceu ainda aberto, costuma-se repetir o ritual, um, três, seis meses, e um, três, sete anos depois do Axexê inicial. O Axexê também é conhecido pelos nomes de sirrum e zerim , nomes em Língua Fon significando os instrumentos que são percutidos em substituição aos atabaques.


O sirrum é uma metade de cabaça emborcada em um alguidar onde se encontra uma mescla de substâncias líquidas e o zerim é um pote com certas substâncias dentro que é percutido com um leque de palha dobrado em dois. Quando se trata de uma pessoa especialmene antiga e poderosa na religião, o Axexê é tocado com atabaques mesmo, com os couros ligeiramente afrouxados para serem depois também despachados no carrego. Em alguns terreiros da Nação Ketu também se usa tocar Axexê com três cabaças: duas inteiras e uma com a ponta cortada.

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